quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A sensação do menos querer

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O meu medo não é deixar de contribuir na caixinha de orgulhos, mas sim acha-la supérflua ou mesmo, pura matéria. Depois dos orgulhos terem virado pura abstração, a caixinha de orgulhos ficou na memória, na imaginação, pra falar a verdade, ela nunca existiu de fato dentro do armário do papai. Antes, qualquer poema escrito por mim, qualquer desenho feio e rabiscado, lá estava na caixinha, mas depois de crescida, os orgulhos passam a ser abstratos, não dá pra guardar um gesto dentro dela ou uma aprovação no vestibular. O máximo seria guardar o papel da inscrição das disciplinas, mas não a felicidade que se sente. A caixinha de orgulhos, de fato, não existe. Por mais que eu procure nas coisas dele uma caixa pequena com meu nome escrito, não vou achar. Era pura enganação, mentiras daquelas que alimentam nossa infância e nos fazem produzir sempre orgulhos achando que eles estarão, um dia, na caixinha de orgulhos do papai.