terça-feira, 30 de junho de 2009

Estrada

- Analice Alves
Os carros passam. Eu passo. Como o cheiro do sêmen em nossos lençóis. Como o corpo crucificado por um pecado à toa. Como a solidão que dói. O tempo passa. Eu passo. Palavra escondida na língua. Beijo penetrado na boca. Fora do ar. Garoa que embaça meu vidro. Inverno que congela um coração já morto. Construo feito um operário. Estou só. Você também. Na estrada tudo é pior e maior. Tudo dói. Somos dois. Não tenho razão. Vou.

São Paulo, 26 de junho de 2009.