terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Na tua direção II

http://www.mp3tube.net/br/musics/Analice-Alves-Na-tua-direcao/253537/

domingo, 21 de dezembro de 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Samba faceiro

- Analice Alves

Se você quiser
Posso te dar céu e mar
Mas garanto, meu menino
Que o mundo repartido
É mais bonito

Chega desse queira
Ou não queira
Acabe com a minha tristeza
Bata aqui na porta
E fique pra sempre
No teu lugar

Eu sei que você
Merece mais do que a mim
Desculpe, meu bem
Tenho pouco a te dar
No momento eu tô sem emprego
Não tenho casa, carro e dinheiro
Só tenho meus seios e um peito
Pra te aconchegar

Teu sorriso é um alívio imediato
Pra tudo que existe de chato
Pro estresse rotineiro
Pra caras de enterro
Pra um bolso sem dinheiro
Pra um rosto sem sorriso

Você entra dentro de mim
Me ama e me faz mulher
Vcê me machuca, me jura
Me vira a cabeça
Faz bem o que quer

Você fala mal de mim
Me xinga, me faz tua escrava
Me escracha e me esculaxa
Pra depois se arrepender

Bem vês que estou a teus pés
Querendo só teu aconchego
Mas você me toca o ventre
Me venera, mas mente
E eu fico com medo

sábado, 29 de novembro de 2008

Nunca é tarde

Sei que vivo neste papel selvagem de caçar verdades só existentes pra mim. O que é a realidade? Acho que, como disseram, a vida é realmente uma teia de ficções. De fato, não existimos, somos reais apenas através do olhar do outro. Sem observação não existimos. E esse papel de seguidor da felicidade ou de caçador de alegrias e verdades absolutas, nada mais é do que mais uma máscara. Máscara que cai de vez em quando. Alegoria de um carnaval ultrapassado, em que analfabetos e letrados dançam a mesma música. A realidade, se é que existe de fato, é essa: não existe diferença. Vivemos achando que somos diferentes dos outros e que um dia algo de especial vai acontecer conosco por sermos tão especiais, mas somos normais, somos comuns, somos todos iguais. O que nos faz diferente é a máscara que decidimos usar. Não dá pra acreditar no futuro dos humanos, porque de fato, não existimos. Somos todos personagens. (Analice Alves)
é uma música
.
Futuro do presente - Analice Alves
Você se olha no espelho
E não se reconhece mais
Entenda que o medo
Te faz mais capaz
Não é tão cedo
Pra perdoar quem se ama

Você olha pra mim
E não me vê
Só quer saber se estou afim
Se tenho amor
Se quero carinho

Eu sou de carne e osso
Mas virei um poço de solidão
Eu sou um ser desumano
E liquidifico o seu coração

Eu sou mulher de fibra
Dessa iguaria não vais mais ter
Alguém como eu, difícil encontrar
Pague pra ver

Na televisão eu me distraio
Com bobagens quase importantes
No rádio uma canção tão triste
Faz-me chorar Só por um instante

Deixe-me ver o que aconteceu
Alguém bateu aqui a minha porta
E eu não sei se é a tristeza
Ou se é você que está de volta

O vento tombou o meu porta-retrato
E o tempo se encarregou
De te esconder no meu passado
Dê-me o futuro de presente
E o passado, meu bem, deixe passar

domingo, 23 de novembro de 2008

O corajoso

- Analice Alves

“Tento uma primeira hipótese de trabalho: o narrador pós-moderno é aquele que quer extrair a si da ação narrada, em atitude semelhante à de um repórter ou de um espectador. Ele narra a ação enquanto espetáculo a que assiste (literalmente ou não) da platéia, da arquibancada ou de uma poltrona na sala de estar ou na biblioteca; ele não narra enquanto atuante.”
(Silviano Santiago)
.

Injustiça não foi bem o sentimento que me invadiu ao ver Rômulo deitado numa cama de hospital. Um jovem no leito de morte. Encostado à janela, observava aquele rapaz robusto, um jovenzinho parecido com o jovenzinho que há tempos eu fora. Cabelos alourados pelo sol, pele morena também de sol, barba por fazer. Ali, no hospital, a última coisa que faria era aparar a barba. Tinha certeza disso, pois era exatamente assim que pensava quando tinha aquela idade. Imaginei que se Rômulo realmente fosse eu, eu jamais estaria ali, encostado à janela, mesmo com olhos fundos e enrugados. Não chegaria nem aos trinta anos. Rômulo, deitado feito um idoso em última fase, deu-me pena. Rômulo era eu, era a juventude que eu tanto aproveitara e que a ele nada oferecida a não ser a morte como sorte, como produto dos erros. O rapaz não acordava e, quando sóbrio, só dava um risinho de lado, pelo canto da boca, sinalizando que estava vivo. Não parecia se importar com tamanha má sorte, não parecia desgostar do telefonema da morte, avisando pra se aprontar depressa. Lembrei de mim mesmo quando tinha a sua idade. Certa vez cortei a mão com o canivete de meu irmão mais velho e durante toda a minha juventude, tive orgulho de exibir a cicatriz. Talvez Rômulo estivesse nessa fase: a de curtir o corte. Mas o que me parecia era mesmo que não tinha medo de nada, nem da dama de vermelho. Rômulo exibia sua coragem através do tal risinho no canto dos lábios, através da entrega ao sono profundo, sem medo de não acordar de novo. Era como se, ao morrer, ele ganhasse uma autoridade que não tinha enquanto ser vivo. Era como se, morto, virasse um super homem das massas.
Rômulo, o corajoso, era o único enfermo jovem, o único ganhador das rifas semanais. Ganhava conjuntos de panelas, faqueiros, toalhas de mesa e dava tudo. Na verdade, ele nem tomava conhecimento dos prêmios. Sua mãe, uma jovem senhora de olhos azulados, pele morena e de baixa estatura, encarregava-se de distribuir os prêmios às senhoras do quarto vizinho. Rômulo, o corajoso, parecia um personagem de filme contemporâneo, desses que colocam um homem jovem e sofrido para que o público se humanize. Mas não era. Rômulo era real como uma pedra que rola com direção certa pelo asfalto. Assim como a chuva que antecede a primavera. Como queria que Rômulo fosse um personagem falante, embora não goste de sotaques juvenis. Porém, Rômulo era um ser humano desprovido de palavra. Não que não soubesse ou não tivesse mais forças para usar a língua, mas porque não tinha mais o que expressar. Se a morte estava vindo, tudo estava dito. Dito e feito. Rômulo, o corajoso, se foi antes que eu despertasse. Quando dei por mim, sua cama já estava vazia, ainda quente. Um rapaz com olhos avermelhados arrumava suas coisas numa bolsa grande, a enfermeira olhava pra mim com um olhar já esperávamos por isso. Tive raiva. Rômulo, o corajoso, morto, era como se a minha juventude tivesse partido. Tive revolta. Rômulo, o corajoso, era o jovem que eu fora e que, nesses tempos malucos, já não tinha mais sentido.Tudo me doía. Rômulo, o corajoso, era meu filho.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pós

"A pós-modernidade existe para falar da pobreza da experiência"
(Silviano Santiago)

Miragens - Analice Alves
.
Tenho medo de amores nocivos e de silveirinhas mal comidos.
Quero mais é que se dane essa tal de humanidade que a gente pinta nas cabeças
Ainda inocentes de tristeza. não tenho certeza das coisas certas e temo pelo que
Possa acontecer por essa falta de aventura. como verdura, legumes e frutas. Dane-se
a empadinha da esquina e o guara-vita da praia de cá. Dane-se o churrasco de domingo,
o sol a pino. seu dedo tem gosto de alho, seu beijo tem gosto de fel. sou mais um mistério
Escrevendo um misto de tédio e remédio pra passar seu tempo.
Talvez eu seja a fruta de alguém ou o cais de um aderivado. tenho medo do balde sem
Água, da torneira sem pia, do barco sem rumo, do teu peito sem mim. quero um reino feito
de parafusos coloridos e mosquinhos risonhos. quero um cão brasileiro que cante em inglês e entenda
alemão. Quero uma piscina de sopa quente pra me esquentar do frio causado pela porta
que você deixou aberta. vou ligar a tevê e ver teu rosto emoldurado e com som. Quero um peixe
azul anil que coma bolinhas de cocô ao sofrer de fome. Quero gritar depois de um gol do meu time
e te tirar pra dançar como se fosse príncipe. Quero amar além das palavras, entender a vida além
dos reflexos no espelho, quero mais do que a representação do dia-a-dia. Quero dez e não cinco, quero mil
e não dez. Quero mais do que números, mais que imagens, mais que miragens, mais que bobagens, quero teu colo.

sábado, 15 de novembro de 2008

Ele se foi

- Analice Alves

Ele se foi
Como um rapaz perdido no mundo da lua
Como um homem fugindo da vida e entrando
Em outra luta
Como a esfera que rola pela rua deserta

Ele se foi
Num passe de mágicas, no fim de setembro
Quando volta, não sei, choro quando penso
Perderei teu sorriso no retrato por um tempo

Ele se foi
Chorar na hora, não chorei, mas caí em desespero
Não sei se espero e digo que amo
Ou se ligo já agora e digo que odeio

Ele se foi
A própria distância me dá opções
De amá-lo de diferentes maneiras
Se foi como um poeta que se perde nas páginas
De um livro de Bandeira

Ele se foi
Se volta, não sei de fato
Mas preciso ver de novo o sorriso aberto
E ganhar um abraço apertado
De um cara que voltará mudado

Ele se foi
Ele se foi
Meu Deus! Ele se foi?
E eu aqui a sussurrar seu nome
Como uma canção moderna
E eu aqui a tropeçar
Nas minhas próprias pernas

Ele se foi
Ele se foi
Meu Deus! Ele se foi...
Não sei se espero o amor me matar
Ou se afogo meu peito
No seu próprio mar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

amar é a maré *

Poema IX - Analice Alves

Queria que o pus
Da minha ferida
Transformasse-se em poesia
E que a cicatriz que ali se forma
Fosse mais do que tatuagem
Lembrança da dor que senti
Mais uma aprendizagem


Poema X - Analice Alves

Beije-me com cautela
Se não tiveres amor
Uses de tua reserva
Não o quero todo
Mas, por favor, um bom bocado!
Lembre-se que me formei
De tua costela
E, ao contrário de Eva,
Não tenho medo do pecado.
.
* é também um poema

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Welcome to the jungle

Discos voa-dores - Analice Alves

Escrevo sobre a vida
Mas queria declamar a morte
Esta é sorte de poucos
É triste por ser o fim
É feliz por ser um começo

A vida é luz apagada
O mundo é solitária escura
Onde desconhecidos me chutam
A fim de me atingir o ventre

Rezo e grito ao vento
Minha crença é no invisível
Mas, certas horas, meus olhos imploram
Eles querem ver-te, meu Deus!

Apareça iluminado em minha frente
Apareça de surpresa quando eu sair do banho
Apareça no banco de trás de um táxi

Longe de mim ser comparada à Schopenhauer
Mereceria algumas chibatadas por escrever
seu nome em tão obscuro poema
Longe de mim ser comparada à Augusto
Dele só quero os anjos e a costela

- Que saudade de escrever os poemas que nunca escrevi!

Meus olhos são discos voadores vazios
Caindo em Plutão
Meus dedos são patas de insetos
Quais as de Gregor Samsa

Deus, me abdusa com tua nave espacial
Leve-me contigo a um paraíso não-fiscal
Ou então, ressucite Guimarães
Pra eu me perder em seus sertões
Proteja os Homens que ainda amam

- Que vontade de lembrar minha morte pra ver se sofri!

Ó mundo, morrerei sem realizar meus planos
Ficaste desumano de tanta humanidade
Meus sonhos são impossíveis
Porque um ser solitário só constrói realidade.

- Que liberdade encontro eu na vida que nunca vivi?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

o meu viver

Quando acordo, tenho a sensação de amar o perdido. O abismo transformado em sonho realizado. Não tenho medo da vida, pois vivo. Não tenho medo de correr riscos, pois sou o próprio risco. Faço parte do grupo de pessoas que pensam que podem crescer na vida, apesar dos pesares. Amo o que faço, amo os que me rodeiam, amo o que me foi predestinado, amo o amor que sinto pelas coisas não amadas pelos outros. Amo o não amado. Quero acordar e sentir o gosto de juventude e que o gosto amargo da infelicidade transforme-se em chocolate ou em jujubas vermelhas.
.
Poema VI - Analice Alves
Se quiser continuar a me amar
Saiba que sou complicada
Sou o fim do começo do jogo
Sou a dúvida que duvida da própria dúvida
Sou alguém que tem um preço
Não sou assim tão fácil.
.
Poema VII - Analice Alves
Não consigo entender o porquê
A vida parece um conto sem fadas
História inacabada, uma novela blague
.
Poema VIII - Analice Alves
Se eu pudesse viver mil anos
Me mataria com 75
Se você pudesse viver mil anos
Viveria os meus
Até o último bater do sino

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

desventuras

Onde Deus Possa Me Ouvir
Vander Lee

Sabe o que eu queria agora, meu bem...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também

Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém.
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair.

Adeus...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Longe é um lugar que não existe

Poema V - Analice Alves

Veja só que amor insano
Não sei se sou uma pobre carente
Ou se realmente te amo.

Texto de Literatura (meu "trabalho")
Sem título - Analice Alves
Olhando para o fundo da xícara de chocolate quente, pensei em Sônia. Seria melhor se estivesse aqui, ao meu lado. Mas tentei me distrair, afinal, sofreria menos. Sentado num banco de praça, observei crianças. Na verdade, observei uma menina que me lembrou Beatriz. A menina balançava-se num velho balanço que sofria de ferrugem e provocava um barulho um tanto insuportável. Agüentei, porque me distraía com a menina. Alguém a chamou e ela saiu correndo, deixando o vestido arrastar no chão molhado de chuva e lama. O balanço continuou a balançar-se como se a menina estivesse ali, ainda. Meu chocolate acabou, mas mesmo a xícara vazia me fez lembrar Sônia. Lembrei da tarde em que a vi pela primeira vez, do sol que fazia e invadia seus olhos, os transformando em bolas de gude em focos de luz. Olhos que, graças a Beatriz, não entraram em extinção. Lembrei da nossa primeira noite, quando ela, emocionada, chorou de amor e dor, de realização, de emoção. E eu não sabia o que fazer até então, porque foi a partir deste ato que me apaixonei, que enxerguei aquela mulher como a única a partir dali. Quando me dei conta, meu peito estava molhado de suor e lágrima. Olhei para o relógio, mas não queria saber as horas e, muito menos, a data. Olhei por cacoete, olhei para não parecer um bobo olhando crianças e se emocionando com um balanço solitário. Durante muitos anos, senti vergonha de mim mesmo, das atitudes que não tomava, principalmente. Senti vergonha de amar tanto alguém a ponto de enlouquecer de amor. Tive medo. O cheiro de Beatriz ainda estava em minhas narinas, meus braços ainda tinham o formato de seu corpo miúdo, seus olhos, mesmo ainda pequenos, as transformavam na própria Sônia. Sônia era meu mundo, Beatriz era minha vida. Era a continuação da história que trilhei erroneamente, o produto de uma noite precedida ao amor. Um pássaro pousou em meu ombro e assustei-me. Ao vê-lo voar, arrependi-me de ter me alvoroçado, de tê-lo assustado mais do que ele a mim. Já era noite e ainda estava ali, a olhar o balanço já imóvel, as marcas dos pés da menina na lama, os grãos de chocolate em pó no fundo da minha xícara descartável. Meu relógio despertou, eu acordei assustado e fui correndo pra casa. Depois do pesadelo, não queria ficar um dia sem Sônia, não queria ficar um segundo sem minha linda Beatriz.

sábado, 11 de outubro de 2008

A água é sentimento

Ontem, finalmente, foi a apresentação do meu trabalho sobre o livro do Benedito Monteiro, O minossauro. Ralamos muito pra conseguir informações sobre o livro e o autor, pois ambos são super desconhecidos, até mesmo pelo público leitor e pelos estudantes e profissionais de Letras. Mas deu tudo certo, já que demos umas "viajadas" e essas viagens só têm a acrescentar na área da Literatura. "Quando viajamos, é porque entendemos a essência da obra".

Poema II - Analice Alves

Dormi com a certeza
De que te amo
Acordei com a esperança
De que fosse sonho

Poema III - Analice Alves

Odeio a desordem e o caos
O teu cabelo bagunçado
Mas se um dia, a Terra virar
De pernas pro ar
Pode ser que eu venha
A ficar do teu lado

terça-feira, 7 de outubro de 2008

o que qualquer dirá

Pode ser que, pela madrugada, eu te veja sorrindo. Um menino em meus braços, um garoto em meu colo. Uma criança sem nome. E se isso fosse uma realidade dentro do real, seria feliz como outra criança, desejaria estar a teu lado por todo sempre, seguiria teus passos mesmo sendo estes perdidos e afoitos. Pode ser que o sol tenha ódio de nós por nos trancarmos em nosso sonho durante o dia e esquecê-lo, por aparecer à noite em nossa sacada para admirarmos a lua. No entanto, nada disso me importa o bastante. Dou-te minha vida em troca de um beijo, compro briga com os astros e deuses, quero você, quero agora, quero pra sempre.Quero você em meus braços, meu menino, como um órfão de pai e mãe. Como um garoto sem credo com medo da vida. Como o rapaz que nunca vai crescer. Quero agora, quero pra sempre, quero você.

Por onde anda você * - Analice Alves

Eu só quero você aqui
Pra me dar a mão
Viver uma vida inventada
De amor, luz e paixão

Eu sei, eu tive medo
Não quis arriscar
Amor não é brinquedo
É coisa séria
Amar é arriscado demais
Pra mim, confesso

Eu só queria o teu abraço
Pra me confortar
E hoje já não vivo
Sem o teu olhar

Um vício que me leva a loucura
Sinto tua falta
Fico no escuro
Você não está

Eu juro que tentei
Fiz tudo
Menti, engoli meu orgulho
Fingi que eu estava feliz
Só pra não te fazer chorar

O retrato ficou de lembrança
O seu cheiro continua em mim
Sinto seu toque em meu corpo cansado
De tanto te procurar em vão

E agora me diz o que eu faço
Sem esperança não dá pra viver
Rodo o mundo, paro nas avenidas
Eu não te vejo, por onde anda você?

* outra música...

domingo, 28 de setembro de 2008

eterno flerte, adoro ver-te

Este Livro
Meu filho. Não é automatismo. Juro. É jazz
do coração. É prosa que dá prêmio. Um tea for two
total., tilintar de verdade que você seduz,
charmeur volante, pela pista, a toda.
Enfie a carapuça. E cante.
Puro açúcar branco e blue.

Ana Cristina Cesar
In:"Inéditos e dispersos"

Poesia inspirada no livro O minossauro de Benedito Monteiro.

Emanuel – Analice Alves

Óio a vida de relance
Mas só vejo a Amazônia
Só minha Manaus é que vejo
Meus zoio ficam perdidos
Feito zolhos de percevejo

Às veze me dá uma saudade
Daquelas águas da ribanceira
Donde tirava meus peixe
Donde mirava o terçado nas matita-pereira

Fico por aí arisco
Mesmo de barba nas fronte
Sinto medo danado de mata fechada
De corte na perna, de encanto do boto
De folga sem cachaça

Uns rapaz se chegam por acá
Achando que pode tomar conta do lugar
Falam de uma tal bacia hidrográfica
Um tal de governo que nunca ouvi falar

Só quero é saber das água
Das mata, dos peixe
Das manhã de inverno, em que as vazante é manhosa
Os dia que corre por conta das água

Não, senhor. Não tenho documento
Meu nome não quer ser escrito
Meu nome só se sabe de boca
Quer acreditar, acredite.

E eu morro de medo de sangue, sim senhor
Vermelho-puro, vermelho-sangue,
Vermelho-barra-de-nuvem, vermelho-preso-na-mata
Vermelho alaranjado.

E amarelo nos meus verde
É coisa ruim, é coisa que num gosto
Amarelo-laranja, amarelo-ouro, amarelo-sol
Amarelo-canário-verde
Verde-campo-deserto

Não, senhor. Não tenho medo de verde
Verde é coisa abençoada, coisa de Deus
Só o homi lá dos céu pra mim dar tamanha alegria
Uma benção, tamanho dever
Se o senhor insiste, meu nome é Emanuel
Dos Santos, muito prazer.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Essa tal felicidade


A felicidade assustava. Era tão impactante e monstruosa que virava tristeza. A felicidade, essa tal senhora sem leis, invadiu seu peito a ponto de fazê-la perder o fôlego. Não sabia o que era aquele sentimento, aquela sensação de ser feliz pra sempre, de ter tudo em mãos, de sorrir sem motivo. A felicidade assustava. A realidade era tão surreal que se tornava mentira, a felicidade tornava-se tristeza. Desistiu de ser feliz, é muito difícil...

A leveza da felicidade – Analice Alves

Não sei se mereço
De fato, ser tão feliz
Mas queria, pelo menos, tentar.

Dê-me um pouco dessa felicidade
Ou um tiquinho da mais ordinária alegria
Que tenha em tuas mãos

Qualquer coisa é válida
Ajudará esse pobre ser
A descobrir o inexistente

Olho para o céu
Mas só vejo a lua
A caçoar de mim

Olha-me de cima a baixo
E sussurra em meu ouvido:
Desista! Se eu não sou, como podes tu?

Tantos homens me evocam
A chorar os amores perdidos
E eu impregnada estou de tanta tristeza

Se eu não sou feliz, como podes tu
Exigir tamanha euforia?
Desista! A felicidade não existe...

Não dei ouvidos, tranquei as janelas
Abaixei as cortinas e persianas
A lua que fique lá fora sozinha...

Mas encontrei um amigo
Que até me ensinou a sorrir
De um jeito bonito

Não que o sorriso fosse a própria felicidade
Esta senhora passa em nossos lares
Numa visita de médico, mas sorri simulando-a.

Aprendi a ser feliz. A sorrir feliz
O chato é que não tenho busca
Não sei o que procurar agora

Dizem que o sucesso da procura
Traz um vazio imenso
Mas o vazio traz a leveza
- E só com esta posso voar...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

“E il naufragar m’è dolce in questo maré”

Um poema meu e um texto que ganhei de aniversário. Sim, Tom! Eu postei!

SE - Analice Alves

SE EU NÃO FOSSE TÃO COMUM
TALVEZ ARRANCARIA SORRISOS INDESEJÁVEIS
TRARIA MAIS FELICIDADE PROS SEUS DIAS CHATOS
SERIA MAIS QUE UM ALÍVIO IMEDIATO

SE EU NÃO FOSSE TÃO COMUM
ME ARRISCARIA.
EXIBIRIA A CORAGEMQUE NÃO É MINHA
EXIBIRIA O MALABARISMO QUE NÃO APRENDI
DEIXARIA OS MALABARES CAIREM NO CHÃO

SE EU NÃO FOSSE TÃO COMUM
DEIXARIA DE DIZER "EU TE AMO"
HOJE EM DIA ESSA FRASE É "BOM DIA"
LETRAS PERDIDAS NO ABISMO DE NÓS DOIS

SE EU NÃO FOSSE TÃO COMUM
ATÉ TENTARIA SER REBELDE
IGNORAR AS FRAQUEZAS E FINGIR
ERRAR MAIS E TE AMAR MENOS

- MAS ACONTECE QUE EU SOU COMUM
E O MEU AMOR É O MAIOR DOS MEUS ERROS.

Análises de Analice - Antonio Siqueira

Analice é dessas que quando passa sente-se o cheiro de lavanda Johnson e Johnson. É dessas que ouvimos a voz de longe mesmo falando baixo.
Analice é dessas que odeia telefone, mas atende com um alô convidativo que até quando ligam por engano se encantam com o encantamento da garota.
Analice é dessas com idade de mulher e corpo de menina. Uma menina que de tão pequenina flutua pelas calçadas feito bailarina.
Analice é dessas que ama a natureza, come brócolis, tomate e banana. Pediu uma polaroide com 9 anos de idade para registrar os cachorros de rua
Analice é dessas capazes de ler mais livros em uma semana do que eu em duas vidas. Tem ouvido bom para música, é fã de Chico
Analice é dessas que usa all star, fala bonito ( quando fala). Seguiu uma banda de rock, mas sempre amou o Fábio Junior.
Analice é dessas que entende com o olhar e com o coração. É a educação em forma de gente, é a cordialidade em pessoa.
Analice é dessas que ama o que faz, dessas que não bebe, porque já está no ponto. É botafoguense, aliás, seu único defeito!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

a saudade

“Minha confiança no futuro da literatura consiste em saber que há coisas que só a literatura com seus meios específicos nos pode dar”.
(Italo Calvino)


Você é meu lugar - Analice Alves

Se a saudade tivesse peso
Seria uma cruz em minhas costas
Espinhos entre meus dedos

Bem que você poderia aqui estar
A me ninar em um sonho profundo
Bem que eu poderia aí estar
Você é o melhor lugar do mundo

Meu lar, meu ar, meu mar
Meu amor, minha dor, meu ardor
É tudo aquilo que me dói
E tudo aquilo que me cura

Se a saudade tivesse cor
Seria uma escuridão em minha luz
Mormaço em meu suor.

Mal o dia acaba e me ponho a chorar
Reclamo da vida que tenho, sem você
Mal a noite acaba, me ponho a cantar
Canções que desconheço, mas canto pra trazer-te

Amar é difícil e conturbado
Não sei, de fato, se já sei amar
Sei apenas que te quero
Respiro teu ar e grito teu nome

A saudade mata, é comprovado
Choro tanto que morrerei desidratada
Te quero tanto que...não tenho palavras

Se a saudade tivesse cheiro
Seria um perfume no meu lixo
Seria uma marca de fragrâncias
Seria fácil te esquecer
- Tamparia minhas narinas.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

não sei morrer

.
Estava dando uma olhada no meu blog antigo e achei várias poesias que eu já tinha até esquecido. Posto duas poesias "antigas" e um texto novíssimo. Gostei muito dele, confesso. Ontem fiz 20 anos de idade, mas ainda me sinto a mesma. Quando eu sentir as mudanças, eu falo...ou não.

As coisas de lá – Analice Alves
Ele morreu. De acidente. A morte chegou para ele sem avisar, de um modo espontâneo. Ele não escolheu morrer naquele dia, daquele jeito, atrapalhando o tráfego como na canção. Ele morreu e deixou coisas e pessoas para trás. O filho o estava esperando no pátio da escola, era terça feira, o dia dele; a ex-mulher estava cheia de mágoas pela recém-separação; o pai não se dava bem com ele. Deixou coisas para trás. O dinheiro acumulado no banco que, em breve, seria uma viagem com o filho traumatizado pelo divórcio dos pais; não pediu perdão à mãe de seu filho, pois pensou em deixar pra mais tarde. Deixou coisas para trás. Em cima da mesa, livros que esperavam o toque de suas mãos para serem abertos e retomados. Ele não chegou. Ali, no asfalto, seu corpo já morto. Não existia mais, não ouvia os burburinhos do tumulto, não enxergava o seu olhar de desespero pelos olhos dos outros, não sentia medo. Era apenas uma alma que subia contra a vontade. Seu corpo não queria descansar, não queria aceitar o que já acontecia. Deixou coisas para trás. Queria voltar.Voltar para buscar o filho na escola, para pedir perdão à ex-mulher, para se reconciliar com seu pai, para viajar com o menino que pouco conhecia. Deixou coisas para trás.Não queria morrer, porque ainda era novo, cheio de vida. Morrer daquele jeito era desperdício. Tantos anos de academia, cursos de idiomas, tantas viagens e estudos concentrados num único homem que morria de modo banal. Deixou coisas para trás. Não queria morrer, porque queria voltar. Queria voltar para ler o segundo volume de Guerra e Paz.

O meu poema - Analice Alves

Às vezes, meu poema é tão natural
Quanto uma verdura ou um suco de frutas
Outras vezes, meu poema é tão "natural"
Quanto uma verdura ou um suco de frutas
Quimicamente modificados.


Presente - Analice Alves

Não é tão difícil olhar pro presente
Quando o passado já não manda lembranças
Fica fácil olhar o futuro com olhos de aviso
Quando o presente não passa de um dia
Esperando acabar.

a vida, seja longa ou curta
não passa de uma coincidência planejada
uma novela desenfeitada
o resultado de um ato
o durante de alguém

A morte, haja pós ou não
Haja céu ou chão
É a certeza que temos
É o medo que carregamos
É a dúvida que os cientistas
Ainda cultivam

Penso na vida, mas desconverso
Quando o assunto é a morte
Não sei falar de algo que não vivi
Não adotei uma postura que me iluda
Acho que só sei viver
Não sei morrer...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

a vida é mesmo coisa muito frágil

A VIDA - Analice Alves

Dá pena
Pensar na vida
Como mera ferida
Que não cicatriza

Me dá raiva
Desperdiçar os meus cantos
E ver os meus prantos
A rolar nos meus olhos tristonhos

Eu quero sair pela noite
Tomar um chope
Sem pensar em você
Depois voltar pra casa
Deitar em meu leito
E te esquecer

Talvez seja até melhor
Encontrar outro alguém
Ou viver pra sempre na solidão
Já cansei de me arrastar a teus pés
De pedir desculpas pelo que eu não fiz

A vida é mais que viagem
Passagem sem volta
Amor em comum
A vida precisa ser vivida
Se não a gente perde
A razão de existir

Eu juro que tentei
Fiz tudo
Rompi com o mundo
Fui atrás de ti
Mas nada é capaz de apagar
Tamanho descuido
Ingratidão

Juro-te que quero você
Tão feliz quanto eu
Daqui a algum tempo
Espero que encontre alguém
Que aprenda a amar
Melhor do que a mim
É o que eu penso

Sei que a graça da vida
Está no sofrimento
O que aprenderia sendo apenas feliz
Sem lamentos?
Se hoje sofro de dores
Amanhã ressuscito
Para outros amores

Mas, às vezes, quando deito
E olho para o teto
Tentando entender o porquê dessa vida
Penso que você é mais que ferida
É mais que loucura
É um câncer sadio
Não quero cura.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

as realidades


Confesso que sinto coisas que não sei explicar. Mas elas existem. Acredito no poder das palavras de traduzir tudo o que sentimos. Eu me aliei à escrita e creio em seu poder. Mas não sei explicar com palavras o que sinto. É coisa da alma, coisa chata pra mim, que sempre busco solução nas palavras. Seus significados são importantes pra mim. Procuro ter um vocabulário vasto, amplo. Mas não adianta, nem o Aurélio consegue expressar certos sentimentos. Tenho medo daquilo que não sei explicar. Igual a uma criança, necessito de respostas verbais, necessito de palavras.
.
As realidades da alma,por não serem visíveis e palpáveis,não deixam de ser realidades. (Victor Hugo - Os Miseráveis)
PS: Post em homenagem à Claudius. Eu te amo, vá com Deus!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

E meu coração se deixou levar

Música nova! Pra quem não sabe, a música Restos está no youtube, neste endereço: http://www.youtube.com/watch?v=ahKUy_lwUH0
Foi gravado de um modo tosco, mas é mais pra colher opiniões e guardar minhas idéias.
Beijos


Foi um rio - Analice Alves

Ah! Eu gosto tanto de você
Perco o ar
Posso ficar até sem água
Mas não fico sem o teu amor

Por favor, me dê a mão
Vamos curtir juntos essa canção
Quero fazer você feliz
Vamos bailar pelo mundo

A luz dessa cidade
Iluminava os meus 20 e poucos anos
Hoje a luz dessa cidade
Se reflete em meus cabelos brancos

Quero correr na lagoa
Ir pra Niterói numa boa
Quero pegar o buzum
E sair lá no Maraca
Assistir o meu Fogão
Sentada na arquibancada

Quero chorar com a correnteza
Quero a quebrada das ondas
Na cadência, no balanço dos meus pés
Quero chorar de alegria e de tristeza
Com você pro que der e vier

Refrão
Quero ser aquela
Que te faz cair de para-quedas
Num mar azul de alegria e de amor
Quero ser tua cidade
Tua estrada e teu país
Emprego e moradia no meu coração
Sem aluguel, IPTU e PIS

Me deixa te fazer feliz
Quero ter esse direito
Vamos comprar um apê
Na Tijuca ou no Recreio
E viver esse amor
No meu Rio de Janeiro.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

estamos cá dentro de nós

As coisas, às vezes, se complicam sozinhas. É verdade. Mentira esse papo de que nós, pobres mortais, somos os únicos responsáveis pelas nossas tristezas. É óbvio que não. Muitas vezes, as coisas, simplesmente, acontecem. Por acaso ou por destino. O que nos resta é reagir. E, graças a Deus, a maioria de nós não se tornou insensível e, penso que com isso, soframos mais do que devíamos. Tenho muita raiva de não ser mais forte, de não ser tão solidária como gostaria, de enxergar tanta coisa errada e não poder fazer nada. Ou poder e não fazer. Ou dizer e ninguém dar ouvidos. Sem querer ser piegas ou uma romântica babona, sinto que com o amor as coisas são tão complicadas...Amar uma pessoa é fácil, compreender é difícil, aceitar então...é quase impossível. As pessoas não se respeitam, dificilmente conseguem olhar nos seus olhos mesmo com sei lá quantos anos de relação, não conseguem encarar alguém. As pessoas têm medo. Medo de terminar uma relação, de se perguntar: Será que eu te amo mesmo? Ou de se desencantar com quem você esperava passar o resto dos seus dias.
.
Escovo os dentes
Abro a porta da frente
Evito a foto sobre a mesa
E ninguém aqui vai notar
Que eu jamais serei a mesma.
(Eu me acerto - Zélia Duncan)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Tudo tem seu preço

Essa música diz muito sobre o momento em que passo, apesar de ainda ter 19 anos.
Estou muito feliz, numa fase nova e importante da minha vida. Como diria o cara lindo-tesão-bonito-e-gostosão (sem ciúmes) que escreveu essa música: Brigaduuuuu!
Frase que aprendi na aula de Latim:

Difficile est deponere subito longum amorem
(Difícil é depôr subitamente um longo amor)


20 e poucos anos - Fábio Jr.

Você já sabe me conhece muito bem,
Eu sou capaz de ir, vou muito mais além
Do que você imagina
Eu não desisto assim tão fácil meu amor

Das coisas que eu quero fazer
E ainda não fiz
Na vida tudo tem seu preço seu valor

E eu só quero dessa vida é ser feliz
Eu não abro mão
Nem por você, nem por ninguém,

Eu me desfaço dos meus planos
Quero saber bem mais

Que os meus vinte e poucos anos
Nem por você nem por ninguém,

Eu me desfaço dos meus planos
Quero saber bem mais

Que os meus vinte e poucos anos
Tem gente ainda me esperando pra contar,

As novidades que eu já canso de saber
Eu sei também que tem gente me enganando,

Mas que bobagem
Já é tempo de crescer
Eu não abro mão

segunda-feira, 28 de julho de 2008

é o queira ou não queira

Refrão - Analice Alves

Não era dor
Não era dor
Era um calor
Que me deixava sem ar

Não era amor
Não era amor
Era uma dor
Que eu queria nomear

23/07/08

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Era certo que eu seria feliz


Não economizo sorrisos a quem me faz feliz.

Poesia inspirada após palestra de Affonso Henriques Neto na Estação das Letras. Muito bom!


“ Quanto à Emma, não se interrogava para saber se o amava. O amor, no seu entender, devia surgir de repente, com ruídos e fulgurações, tempestade dos céus que cai sobre a vida e a revolve, arranca as vontades como folhas e arrebata para o abismo o coração inteiro. Ela não sabia que nos terraços das casas a chuva forma poças quando as calhas estão entupidas, de maneira que se pôs de sobreaviso, até que subitamente descobriu uma fenda na parede.”

(FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. São Paulo: Círculo do Livro, 2003.)

R I S O S

Cuidado, Ricardo!
Não ria tão alto!
A felicidade nesse mundo
Sem deuses é inoportuna
Mas como em nosso mundo
Há um Deus único e vivo
Ria desde que baixo

Mas teu riso é tão exagerado e lindo
Que toma conta de todo o teu rosto
Teus lábios se abrem e vão de orelha a orelha
Iluminam-se teus olhos
E sobem tuas sobrancelhas.

As rugas que tenho
Me desculpe, querido
São de tanto chorar por amores
Mas calma, são amores passados
Desses que julgamos amar
E só depois que realmente amamos
Percebemos que não era amor.

Cuidado, Ricardo!
Não fale tão alto!
Pode calar tua boca
Que entenderei tuas palavras
Saberei tuas idéias

O nosso amor tem um quê a mais
É tão sutil quanto um poema simbolista
É tão útil quanto um teorema de pitágoras
É tanto amor que não cabe.
É um pedido delicado
Um "por favor" entre vírgulas.

Sei que eu pra você
Sou mais que um xis em evidência
E você pra mim
É muito mais que adjunto
É complemento
E você pode, Ricardo
Me rejeitar o quanto quiser
Daqui por diante
Pode enfeitar meu pescoço com diamantes
Ou minha cabeça com algo não quisto
E mesmo assim serei grata
Por me fazer feliz numa eternidade
Que logo passa.

Eu te amo, Ricardo
E essa frase é clichê verdadeiro
É verdade dita e redita
É a frase que já ouvi de tua boca
Com meu nome no fim
Eu sei de tudo isso, meu amado
Não mandamos no futuro
Nem na memória quando remente os dias passados
Mas você é tudo aquilo que eu penso
Quando não estou ao teu lado
Eu te amo,Ricardo!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A fé que faz otimista demais


Minha vida mudou pra melhor desde o último final de semana. Quanto mais eu vivo, mais sinto que sou capaz de fazer aquilo que nasci pra fazer (entendam como quiser). Obrigada a Deus por me amar tanto.

Poesia!

Espelho – Analice Alves

Vejo-me em praças públicas
Em cadeias fechadas
Nos espelhinhos de bolso
Nos vidros blindados
Dos carros que eu não tenho
Nos óculos escuros
Das mulheres que eu não sou
Vejo-me por dentro...

Minha rotina rotineira
É uma maneira de me esquivar da saudade
Pois meu passado e meu presente são o mesmo
Não sinto saudades, pois vivo

Ainda sinto o cheiro do teu cabelo
No meu travesseiro.
No meu corpo ainda estão
As marcas dos teus dedos
Teus segredos, confesso
Tenho medo de todos

Torço pra que algum ser
Superior
Traga-me você de volta
E então pulará o muro
E arrombará a porta
E dará de cara com a minha cara torta
De bebida e lágrima

Deixo fazer o que quiser
Pode me chamar de bandida
De traíra, de falsa, xingamento qualquer
Diga que sou estranha
Que não passo de uma piranha

Jogue verdades que eu não aceito
Diga crueldades que não mereço
Pode me bater, se achar melhor
Dê-me um tapa, um soco, me divida ao meio
Mas não me abra a boca
Pra dizer que eu não te amei.

Entro nos bares
E consumo doses duplas
Cigarros são fracos
Sonhos são banais
Quero meu corpo
Sobre o teu
Minhas mãos nas tuas
Quero a liberdade de escolher
Prender-me a você
Quero olhar em teus olhos
E enxergar que sem mim
A tua vida passa a ser pequena
E então me dirá com olhar de pena:
Sem você já não vivo em paz
!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Aos poucos

– Analice Alves

Amo-te só um pouco, um pouco que
Muitas vezes, me sufoca a ponto de
Virar muito, a ponto de tornar-se bastante

Amo-te só um pouquinho
Com graça, garra, ousadia, raiva e desleixo
Quero mais é que se dane todas as suas qualidades
E realço pra quem quiser, os seus defeitos

Quando te vejo não sei se é amor
Não sei se é paixão ou vontade de sofrer
Talvez eu seja masoquista e queira uma pessoa
Assim como você. Que me pisa, me castiga e eu sofro,
Mesmo sem te amar ainda.

Amo-te só um pouquinho, um tiquinho
Pouco e só. A ponto desse pouco virar tudo
Virar muito, tornar-se muito pouco.

domingo, 22 de junho de 2008

cada vez que eu fujo eu me aproximo mais


Não entendi muito bem quando a campainha tocou. Eu não aguardava ninguém e fazia tempo que não recebia visitas inesperadas. Abri a porta com cautela e dei de frente com o porteiro do prédio. Seu Rubens. É um homem desses de uns 50 anos, mas que aparenta mais idade, baixinho mas de fala alta. A gente escuta sua voz lá da cobertura, segundo a vizinha lá de cima. Ele colocou a mão em meu ombro e tentando me relaxar disse que o nosso time estava uma merda e era preciso um novo técnico urgentemente. Falou bastante sobre futebol e só depois veio o real motivo da visita: ele desejava 200 reais emprestados. Disse que a mulher estava desesperada porque não conseguira dinheiro para comprar os remédios do filho dela, do primeiro casamento. Fiquei com pena do homem, da mulher e da criança. Perguntei se podia ser 100, mas ele fez que não. Abri a carteira.
No dia seguinte, Seu Rubens até abriu o portão da garagem só pra eu entrar com a minha bicicleta. Sempre foi um homem atencioso com os moradores, mas não me dava muita trela quando não tinha jogo. Uma vez, eu estava muito bêbado e cheguei ao edifício cambaleando. Seu Rubens tentou me ajudar e eu dei-lhe um empurrão. Só lembrei disso quando ele parou de falar comigo sobre o nosso timeco e eu me perguntei o porquê de tanta indiferença. Talvez seja por isso.
Leonora, moradora da cobertura se separara a pouco do marido, um empresário metido a rico que de rico não tem nada, nem o nome: Luis Augusto Conceição Silva, o Ceição. Um sujeito boa pinta que devia a Deus e o mundo, mas tinha aquele lema: devo não pago, nego enquanto puder. Seu Rubens até tentara pedir um troco pra ele a fim de comprar o tal remédio, mas desistira assim que ouviu a discussão do casal recém separado. Bateu lá em casa. Fiquei com 100 reais na carteira para gastar até o fim do mês, ainda estávamos no dia 17, aquilo de repente me preocupou.
Estava sem dinheiro fazia um tempo. Estava sem emprego e vivia de bicos. Fazia de tudo, até cabeleireiro fui, mas confesso que, felizmente, fui mandado embora no mesmo dia. A pena que senti de Seu Rubens foi maior do que meu desespero de não saber se teria o que comer no dia seguinte. Seu Rubens, talvez, tivesse mais dinheiro que eu, mas não sabia. Talvez eu fosse como o Ceição, aparentasse ter uma grana que eu não tinha.
Uma semana depois um tal de Dodô bateu em minha porta. Disse que eu estava devendo uma grana preta pra ele, umas drogas que eu havia encomendado. Tentei argumentar dizendo que eu não tinha nada com aquilo, mas levei um soco no olho que me deixou apagado por uns 45 minutos. Quando acordei, fingi desmaio e observei Dodô ao celular discutindo com outro sujeito do qual não recordo o nome. Discutia fortemente, certificava que era eu mesmo o comprador caloteiro, disse que eu estava ferrado e que não sairia de minha casa sem o dinheiro devido. Resolvi levantar. O sujeito me deu um tapa nas costas, um risinho irônico e disse: É, meu chapa, hoje a cobra vai fumar!
Empurrou-me no sofá e amarrou minhas mãos. Acendeu um cigarro fedorento e ficou a admirar um quadro que tenho do Chaplin. Deu-me raiva, eu odeio cigarro, odeio que fumem em minha casa. Minhas cortinas estavam impregnadas de fumaça. Fiquei puto. Levantei do sofá, tentei desatar o nó e não consegui. Ele me empurrou de novo e disse pra eu ficar quietinho que era só pagar o que eu estava devendo. Disse que só tinha 70 reais e ele riu exageradamente como se eu tivesse contado uma piada de humor negro. Abriu minha carteira e viu os 70 reais lá. Meteu a mão. Pegou o quadro do Chaplin e um retrato meu. Foi embora. Pensei: to ferrado, ele levou meu retrato. Mas só tentava desatar o nó bem dado. Comecei a gritar e Seu Rubens me apareceu com uma tesoura na mão.
Eu tinha um segredo e muita gente não sabia. Eu tinha um filho. Já crescido, de uns 17 anos, eu acho. Não parecia nada comigo, mas era certo que era meu. Não gostava muito do jeito dele, porque me parecia um tanto abobalhado pra idade que tinha. Era aquele tipo de menino mimado e espinhento que odeia axé e pagode, mas que se masturbava no banheiro com revistas da Sheila Melo. Tirava notas baixas e não saía da frente do computador. Certa vez, levou uma porrada forte no olho esquerdo por marcar encontro pela Internet com uma “garota” de 41 anos casada com um marginal da favela Richaça. Seu Rubens era o único que sabia da existência de meu filho, porque confiava nele a entrega de correspondências, apesar de trocarmos e-mails com maior freqüência.

.

Beijo especial pro Tom e Riiii(cardo)

sábado, 14 de junho de 2008

A gente sempre sofre por querer

Metáfora do amor – Analice Alves

O amor me achou
Mesmo perdida
Em bares estreitos
Em lares alheios
Em bulevares

Quero deitar em meu leito
Encostar-te em meu peito
E gemer de alegria
- a maldade é toda deles
Nosso amor é puro
Tão puro que ele próprio nos basta
Tapo meus ouvidos, minhas narinas e minha boca
E ainda continuarei a ouvir seus planos
Continuarei dizendo
Que te amo
Sentirei o cheiro daquilo
Que eu não conhecia antes de você

Agora eu só quero
Deitar na cama
E fechar meus olhos
Pra que beije minhas pálpebras
Enquanto sonho contigo
Enquanto espanta o perigo
De eu não saber quando e como

Com você posso ser eu
Posso encontrar a realidade
Menos verdadeira
Posso sonhar acordada
Sem ser taxada de boba
Posso andar lépida pelas calçadas
Sem medo de cair de novo.

O amor de tão presente
Faz-se desnecessário
Já que se entranhou em nossos corações
De tal modo estranho e controverso
Impregnou nossos sorrisos
E o teu é a sua própria metáfora

E quando sairmos pelas ruas
Pelas avenidas, pelas praças, pelas barcas
Saberão quem somos
Enxergarão em nossos olhares
O amor marcado como tatuagem
Verão o sabor do sentimento em nossos rostos
E então, meu querido, já não precisaremos mais dele
Passaremos adiante pra que ele ilumine também
A vida de tantos outros.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Felicidade: talento ou arte?


Parece masoquismo postar um texto desses numa fase tão "feliz" da minha vida, mas se faz necessário a partir do momento em que preciso guardar esse escrito em algum lugar. Como não ando confiando (viva o gerundio!) muito no meu computador (meu orkut pirou!), posto aqui mesmo. Pra quebrar um pouco o clima deprê, um pedaço da música do Tom.

Ainda sem nome - Tom e Eu

"Correndo na contramão
Sem perceber e sem olhar pra trás
Mesmo em suas mãos
Eu subo mil degraus a mais
Talvez o tempo decida o que fazer de mim
Sem você já nem tenho ideais
Tudo o que eu sinto
Tudo o que vejo
Tenho vontade de lhe dizer
Mas o que fazer, o que chorar
Se perco a voz
Ao lhe ver passar"


Na aula de teoria - Analice Alves

Outro dia, minha professora disse algo que me abalou: A felicidade não existe. Aquilo me feriu de um jeito que eu nem sei muito bem como explicar. Ela disse aquilo como se estivesse revelando à crianças crescidinhas que Papai Noel não existe. O pior de tudo é que a base de sua teoria era bem sólida: Não existe felicidade total. Ninguém é feliz o tempo todo, ninguém é completamente feliz 24 horas por dia durante toda a vida e, queridos, felicidade é isso, ser feliz o tempo todo.
Ninguém é feliz o tempo todo, isso é verdade. Todo mundo chora por ter visto um cãozinho abandonado ou por ter perdido o dinheiro todo na Bolsa de valores, pela morte de um parente distante ou pela perda de um amigo próximo, muitos já tiveram depressão pós filme ou tristeza pré ocupada. Todo mundo sofre e, por isso, a felicidade não existe. Aquela felicidade cheia de sonhos realizados, dinheiro no bolso, preocupações em estágio zero, o melhor emprego do mundo, o par da sua vida do seu lado, de bem com a balança, com a saúde em dia, ter tudo o que quer, filhos sadios, inteligentes, responsáveis e bem sucedidos, amigos de verdade, o pão de cada dia sobre a mesa...Ninguém tem tudo isso e eu falo isso com firmeza. Uma pessoa pode até se sentir a mais feliz do mundo, mas pode ter certeza que existe uma melhor do que ela. E, pior, pode ter certeza que aquela felicidade terá fim. A felicidade está, assim como a liberdade, na evolução. Por que? Porque ser feliz é pros poucos, pros evoluídos. Só os evoluídos não precisam de problemas para evoluir, porque já estão no ponto. Parece feio e triste pensar assim, afinal, a maioria vive em busca da tal felicidade. Como essa felicidade de sonhos não existe na realidade, buscamos um outro conceito para ela: felicidade é ser feliz apesar dos problemas. Viver a vida como uma eterna Pollyanna.

Frase: “Meu objetivo na vida não é a felicidade, mas ter liberdade para procurá-la”.
(Caetano Veloso)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Lembre de mim

- Analice Alves

Queria-te como namorado
Ter-te sempre ao meu lado
Enriquecendo minha existência
Como um pincel que pinta um quadro

Queria que você lembrasse
Das tantas conversas que jogamos fora
De todos os desentendimentos
Do amor que sentiu e eu sinto

Lembre de mim, por favor
Quando mais tarde te encontrar nas ruas
Nas esquinas reformadas de uma cidade modernizada
Lembre de mim, por favor
Quando encontrar meu retrato perdido em tuas gavetas
Quando sentir meu perfume em outra mulher
Lembre de mim, por favor
Como a menina que tremeu num primeiro beijo
Como a garota que corava ao lhe ver passar

Queria que você sentisse o que sinto
Queria que as paredes falassem
E me consolassem dizendo que você me ama.
Sim! Você me ama! Mas não diz
Talvez nem saiba e nem queira saber

Queria que meu coração
Se transformasse num rio
Cheio de peixes coloridos e vida
Um mar, um oceano cheio de erros
Mas sempre com você por perto
É certo, que apesar de tudo estaria feliz
Lembre de mim, por favor
Mesmo que não haja mais amor
Mesmo que as paredes não falem
Mesmo que os retratos tenham se perdido
Mesmo que os “mesmo que” sejam apenas repetições
Para embelezar um poema sem vaidades
Lembre de mim, por favor
Como aquela que sempre vai te amar
Mesmo que em meu peito
Não haja mais cisnes a nadar.


OBS: Estou bem cansada, mas posto em homenagem aos dois meses de amor e cumplicidade com alguém muito importante pra mim.


"Cuida de mim enquanto não esqueço de você" (O Teatro Mágico)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Chuva de setembro



- Analice Alves


Felicidade não se compra
Mas se quiser
A gente planta num terreno fértil
A esperança brota no peito
Como a flor já acostumada
Com as chuvas de setembro
Quando a gente dança
Sei que é pra dançar
Quando a música pára
Ou quando falta o par
Sei que a vida
Continua a bailar por nós
E o tempo se encarrega
De unir ou desatar os nós.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Esponjas não ficam bem de brincos


“Até o instante em que decidi proteger-me, nada houvera de verdade. E não haveria de haver, já que eu era Lady Ashley, em O sol também se levanta, quando bebia demais e resolvia seduzi-lo descaradamente. E era Dixie Beggs, depois, toda misteriosa, em seu quarto de Essa valsa é minha, com seus três macaquinhos de porcelana, que comprei iguaizinhos, num brechó. E era também Fábio Júnior, a cantar emocionada dores que jamais sofrera. Sou assim, mil personagens, desde pequena”.

(YOUNG, Fernanda. O efeito Urano. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

As luzes escuras de um coração suburbano

– Analice Alves

Sempre odiei o fato de ele acender a luz durante o dia. O sol invadindo a casa e ele transformando-a numa pequena Paris. Irritava-me todo esse desperdício que não parava por aí. Vez ou outra, acordava com barulhos de águas escaldantes. Ele dava descarga a troco de nada em todos os banheiros da casa, mesmo quando estavam mais limpos do que ele. Não adiantava dizer nada. Ou brigávamos ou discutíamos. Sua presença, na maioria das vezes, me causava repugnância, vontade de não voltar só pra não ter que olhar pra cara dele ou não ter de ouvir aquela voz agoniada que me agoniava também. Eu tinha pena de sentir aquilo por ele, sentir algo tão estranho e ruim por uma pessoa, seja lá quem, é angustiante pra mim. Quando ele anda pesado pela casa, o chão treme e eu fico nervosa, achando que ele está mais bravo do que de costume. Quando ele me olha. Ah! Quando ele me olha...eu não sei se é aprovação ou reprovação, não sei se ele vai começar a falar sobre assuntos chatos ou reclamar de uma vida que ele diz ter. Era bastante egoísta e eu tinha muitos argumentos pra provar isso, mas ele tinha muitos outros que comprovavam o contrário. Ele não sabia que era a pessoa que mais me fazia sofrer. Chorava 30 dias no mês, sendo 20 por brigar com ele e 10 por tristeza de não conseguir perdoá-lo pelos erros mais incompreensíveis da minha vida. Tinha vergonha das próprias fraquezas e acabava transformando-se numa pessoa pouco humana, uma bomba relógio que explode em tempos distintos. Não dá pra prever. Era ameaçador encará-lo, tudo nele me reprimia. Palavras mais ou menos ofensivas, ditas por ele era avacalhador. Era uma imagem tão severa que tudo nele tomava maiores proporções. Lutei a vida inteira para conseguir evoluir nesse ponto, mas é mais fácil aprender japonês em braile do que perdoar certas coisas. Queria muito ser melhor pra te perdoar e vivermos uma vida feliz, queria muito não ser eu pra conseguir enxergar amor e felicidade no fim desse túnel. Já mudei tantas coisas, já perdoei tantas pessoas, não costumo guardar mágoa. Desculpe-me, por favor, mas não consigo te perdoar.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

não posso parar


Antes de entrar pra faculdade, achava que eu sabia muito sobre Literatura. Claro que sabia que eu não sabia tudo, mas me achava boa nessa matéria e, talvez por isso, tenha escolhido a faculdade de Letras. Mas não via coisas que hoje me parecem essenciais, detalhes literários que eu não sei como conseguia ler sem eles. Vejo que quanto mais eu estudo, menos eu sei e a sabedoria está aí: não ter medo de se entregar a algo que vai te levar ao “só sei que nada sei”. É incrível, sei que não é só na Literatura que sentimos isso, sinto isso na música também, apesar de não ter estudado tanto quanto eu gostaria. Quanto mais toco violão, entendo menos, quanto mais toco flauta, entendo patavinas, quanto mais canto, sinto minha voz perdida num universo de barulhos roucos. Talvez se eu tivesse coragem de fazer música, sentiria a mesma coisa que sinto por ter escolhido Letras. Não me arrependo de acordar cedo, ir pra UFF e sentar naquelas carteiras menos piores do que eu imaginava, não me arrependo de ter aula com pessoas que dizem que a felicidade não existe ou que no Brasil chove pra burro e nos EUA chove cats and dogs. Amo estudar as coisas que não sei e mais ainda, descobrir que tenho tempo (ou espero) pra estudar tudo isso.
Não enxergava que Borges era irônico e não entendia quem era esse estrupício do Pierre Menard!* Adorava Dostoievski, mas não sabia escrever o nome dele. Continuo com meus escritores favoritos, mas conhecer os precursores é essencial. Pra quem quer saber como eu estou, o que sinto em relação à faculdade e à vida, um pequeno relato. Sim, tem gente que quer saber da minha vida e eu faço questão de dizer, porque são pessoas muito queridas, mas que se distanciaram com o tempo e, talvez, sejam intimidadas por ele a me perguntar alguma coisa.
Fora a parte acadêmica, estou “trabalhando” bastante musicalmente. Tenho escrito muitas letras de músicas que o Tom Carlos (ele odeia quando o chamo assim) coloca melodia e a gente tenta. Eu queria cantar uma das nossas músicas no Ídolos (ou Astros?), mas ele é tímido demais pra isso (vamos fingir que acreditamos). Na verdade, ele é anti SBT e anti qualquer outro canal de tevê. Mas eu ainda não desisti, ano que vem eu procuro alguém que tenha a coragem de ir comigo. Alguém se habilita?
Outra coisinha, quem quiser ouvir alguma das nossas músicas, me peça pelo MSN que eu mando. O problema é que elas foram gravadas logo nos ensaios, ou seja, está precária a gravação, com alguns erros, tosco mesmo! Mas eu mando assim mesmo, vamos colocar a cara a tapa logo!
O que sinto agora é vontade de realização, saudades da minha infância e das minhas amigas paulistanas e paulistas, dos dias inesquecíveis em Brasília, de ver o Fábio sendo assediado por coroas, Saudade existe sim, apesar de alguns acharem que é mera falta do que não houve.

Estou lendo:

Madame Bovary – Gustave Flaubert
Montanha Mágica – Thomas Mann
Efeito Urano – Fernanda Young
Para viver um grande amor – Vinicius de Moraes
Teoria da Literatura – Vitor Manuel Aguiar e Silva (?)
Chega, né?

Beijos

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Parceria

Pôr-do-sol em Brasília - DF



Minha mais nova parceria com o Tom. Mandei a letra pra ele no sábado, como presente de aniversário e ele me manda agora a música pronta, como prova de amizade. Como não tem como pôr a música, deixo a minha letra pra vocês.



História sem fim – Analice Alves e Tom Siqueira.

O frio lá fora
Só me faz crer
Que nada vale a pena
Na tua ausência
E que é melhor esquecer
E viver assim

As fotos no chão jogadas
São páginas viradas
De uma história sem fim

Se quiser, a dor que você sente
Pode ser minha
Mas o amor que eu sinto
É todo seu, queira ou não

Meu coração já nem sabe o que sente
Às vezes, chora, se faz de inocente
Depois vai embora
Fecha a porta pra não voltar

Eu só queria um motivo
Pra ficar
Só queria te mostrar
Como a vida é bonita
Quando há alguém para amar

Eu só queria um motivo
Pra ficar
Só queria te mostrar
Que a vida vale a pena
Quando há alguém pra se amar

Quero te fazer feliz
Por bem ou por mal
Te dou mil unidades de felicidade
Uma realidade menos real

Meu coração viola as leis do meu pensamento
Tua imagem distorce a minha visão
Mas no retrato é o teu rosto
Que me acalma e faz dormir
(me enche de ilusão)

Tudo o que digo
Já não faz sentido
Penso naquilo que poderia ter sido
O meu amor é o perigo mais seguro
Tua estrada é meu caminho
Tua dor é meu espinho
No retrato é o teu rosto
Que me exalta e me faz despertar.

(30/04/08)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Um amor mais incrível que a chuva

- Analice Alves
Por mais incrível que parecesse, a inesperada chuva inundou toda cidade. Todos permaneceram em suas casas e os carros foram estacionados em locais cobertos. Ele se desesperava. Queria amar uma mulher, sabia que ela era o melhor que ele poderia ter em vida, que sem ela ele não seria nada, mas não a amava. Queria, mas não. Dizia pra si mesmo que amor não é como sabiá, não se cria. Amor nasce quando tem de nascer, ganha asas quando cresce. Achava-se meio ridículo quando lembrava os tantos relacionamentos mal sucedidos que tivera, as tantas mulheres que deitaram em sua cama num quartinho onde ficava sua bicicleta, as tantas declarações sem fundamentos. Mais incrível ainda que a chuva, era lembrar que ele não tinha sido amado. Ouvia palavras belas, sorrisos falsamente contentes, felicidade de plástico, humanidade de merda. Aquela que estava ali, tão perto e tão longe, tão linda e tão estranha, tão perfeita e tão desfeita, era ela, era aquela. Sabia que ela o faria feliz, sabia que ela realmente o amava e que seus sorrisos seriam sinceros, seu hálito seria puro como de um recém nascido, sua existência seria uma vida de verdade, seu amor seria eterno. Fechou a janela, ajeitou o lençol na cama, pegou um guarda chuva e saiu. Foi procurá-la debaixo dos prantos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Parceria

- Analice Alves e Lúcia Reis



Pela janela só vejo a chuva
que inunda com seu pranto os meus olhares.
Já nem sei se são minhas essas poças no chão
Eu sinto que sim, mas acredito que não.
Quantos olhares estão perdidos nesse mar?
E quantos desamores, nesses olhares?
Já nem me vejo refletida como há pouco enxergara
As ondas me levam e o que fica é saudade.
Penso na pessoa que eu era e nos passos errados
Talvez eu possa chegar ao lugar certo errando.
Talvez o que é certo pra mim seja errado pro mundo
Postado em Laladuias.
Boa Páscoa!

terça-feira, 4 de março de 2008

A perda do nada

– Analice Alves

Na verdade, não tinha nada. E por não ter nada não tinha medo da perda. Perder um ente querido ou um brinquedo predileto, não acontecia. Dormia já conformada de que não tinha nada e, às vezes, nem sonhos tinha. Acordava atordoada e rebelde por não ter sonhado, por não ter o mínimo de ilusões que uma pessoa pode ter. Sabia que quanto mais reclamava, mais coisas perdia e, como não tinha nada, reclamava mava mava. Não tinha família, nem cachorro, nem namorado e nem violão, vivia dentro de si, seu corpo era sua gaiola e, quanto mais o tempo passava, mais podre ficava e sua alma, às vezes, escapava pelas brechas e beiradas. Certo dia, acordou pulando da cama e, não sabia por que, mas precisava se olhar no espelho. Abriu a porta do banheiro, acendeu a luz e não conseguia se ver, não conseguia enxergar aquele corpo que há tempos vira em fotografias esquecidas. Perplexa olhou a olho nu para as próprias mãos e as viu, mas nada de reflexos no espelho. Resolveu dormir achando que era, finalmente, um sonho ou um pesadelo e dormiu. Depois de meia hora, acordou assustada, teve medo da certeza que sentia de que não fora sonho o que passara. Viu sua imagem pela tevê desligada e levantou mais confiante. Pôs-se de fronte ao espelho e se viu, viu aquele corpo magro, ossos, pele, músculos, ossos, ossos, ossos. Não se assustou, pois sabia o que tinha por fora. Chorou chorou chorou, sua alma ainda não se libertara.
03/03/08

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

os outros são os outros

Quero te encontrar
Nos dias mais estranhos
Nessas fases que a gente
Não sabe se é feliz ou triste
Quero mergulhar no mar do teu olhar
E encontrar a alegria no raiar do teu sorriso
Não quero mais viver
Tantas noites de inverno
Preciso, por favor, de uma tarde de verão
Esquecer que as manhãs cinzentas não partiram
Mentir pra mim mesma e dizer que já te esqueço.

Analice Alves

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Cada aeroporto é um nome no papel


Geribá - Búzios - Fevereiro 2008

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Palavras são iguais, sendo diferentes

Tenho mais livros pra ler do que dias em vida
Nunca fui uma dessas leitoras que lê todos os lançamentos do mês. Pelo contrário, sempre li livros desconhecidos pelo grande público ou pelos meus amigos. Mas, depois de muito insistirem, estou lendo A cidade do Sol do Khaled Hosseini, o mesmo autor do Caçador de Pipas que, aliás, também li no ano retrasado. Estou gostando bastante do primeiro, apesar de ainda estar na página 62. Os dois livros desse novo autor são bem sofridos, bem profundos e verdadeiros. A gente não sabe o que se passa naquelas terras, o que uma pessoa num lugar e num tempo diferentes dos nossos é capaz de sentir e, muitas vezes, sentem o mesmo que nós. Estou de férias, em termos, e pretendo ler aqueles livros que não consigo ler enquanto estou em aula, já que estudo Letras e, ao contrário do que muitos pensam, nem todos os livros são interessantes. Comecei tantos livros e depois parei e os esqueci num canto qualquer e isso não me agrada. Comprei 3 livros na Bienal (2007) e ainda não li nenhum, pois logo veio meu aniversário e ganhei mais 3. Outro dia numa conversa comigo mesma, pensei: Pra ler tantos livros preciso de mais tempo. Pra ler tantos livros, tenho que deixar de lado minha tevê e meu computador.
Na realidade, é isso mesmo que acontece. Tenho que saber dividir mais o meu tempo. E por mais que isso pareça anti-intelectual, eu adoro televisão. Mas gosto de programas legais, não qualquer porcaria, qualquer programa de boatos e intrigas, isso não. Adoro ver filmes que eu já vi, programas musicais, clipes, programas de entrevista. Filtrar o que tem de bom na televisão brasileira é preciso. Não passo o dia inteiro em frente a tevê. Gosto de Internet, mas não fico o dia inteiro no computador. Amo ler, mas nenhuma mente suporta tantas letras 16 horas por dia. Tudo demais cansa, enjoa, vira coisa chata.

Novidades:
Minhas aulas só começam dia 03/03
Vou pra Cabo Frio no Carnaval
Ontem fui assaltada e perdi meu celular
Conheci o Fábio pessoalmente
Tenho que ler o livro que Lúcia Verde me emprestou também
(A insustentável leveza do ser)
PS: A frase acima é da música Palavras dos Titãs

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Respeite seus limites e, com certeza, não se livrarás deles


Overdose de poemas. A frase acima é de Richard Bach.

O MEU AMOR – Analice Alves

Amor como o meu
Não se mede
E nem se pede
Ganha até aquele
Sem sorte

Amor como o meu
Não se mede
Por termômetro
Fita métrica
Calendário, relógio

Ele vem de dentro
Por isso, ninguém sabe
O que aqui dentro
Acontece

Amor como o meu
Não se mede
E nem se pesa
Seu peso
É tão grande
Que os números
Não são necessários

E o tamanho
Cresce a cada dia
E o último dia
Não existe no calendário

AMOR – Analice Alves

Amor
Ausência de morte
Etc e tal
Entre tantas coisas

Amor
Presença de sorte
Agonia da vida
Entre tantas coisas

Amor
Palavra de porte
Rima com essa dor
E com tantas outras.

Sai, ilusão – Analice Alves

Não quero ser somente
Mais um hálito na tua boca
Não quero ser na tua vida
Mais um sofrimento
Não quero ser aquilo
Que se esquece com o tempo

Um número de telefone
O andar de um apartamento
O vento que atrapalha teu sono
Na tua estrada uma dor
Mais uma história mal contada
Mais um papo de elevador

Ah! Devia ser proibido
Amar o que não é meu
Querer quem não me quer
Viver nesse mundoSem saber se sou daqui

Não me olhe assim
Como se eu não fizesse parte de ti
Como se a nossa história
Não passasse de ilusão pra mim

Não quero estar somente
No retrato e no pensamento
Eu quero estar pra sempre
Em cada presente, em cada momento

Não adianta dizer palavras
Que não me atingem nem debaixo d’água
Me dê tua boca, teu corpo, teu cheiro
Que eu faço miséria e te arrepio os cabelos.

Tudo o que quero – Analice Alves

Tudo o que eu quero é você
E tudo o que eu sonho
Não está pra acontecer
Só peço a Deus
Pra te pôr do meu lado
Mas tudo o que tenho
É teu rosto partido em pedaços
Num porta-retrato

Não pense que vai ficar
Sem me dar amor
Não pense que mora
Em meu peito de favor
Me deixa chorar tua dor
Me cansar da tua luta
Acender teu calor
Quando chegar a chuva

Me deixa curar o teu medo
Do mundo inteiro
Tocar teu corpo
Como um brinquedo
A cada dia como se fosse o primeiro
Deixar o meu canto
Invadir a tua voz
Amar um amor calmo
Num tempo tão veloz

Me deixa curar tua dor avançada
De quem segue essa estrada
Amando em vão
Me dê tua mão
Me deixa ser teu abrigo
Me deixa ser
Quem eu sempre fui comigo
Já não vejo motivos
Pra tanto penar

A felicidade
Passa pela porta
Com cara de morta
Como se não fizesse
Mais falta
No sofá, na cama, no lar
Doce lar

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia



Olá!

Tenho poucas novidades, mas de significância enorme e, por isso, estou aqui a atualizar o blog em plena sexta feira. Pra quem não soube, houve um concurso para colunista do site do grande cantor e compositor Leoni e eu concorri com um texto já conhecido por quem visita este blog, Trecho da vida – história para contar depois. Não ganhei o concurso e fiquei longe do terceiro lugar, mas recebi um prêmio que dinheiro nenhum compra. Uma pessoa me mandou um e-mail com elogios, histórias, força pra seguir em frente, simpatia, benção. Fiquei muito feliz, muito mesmo. E como se não bastasse, era a mãe do Leoni, Sra. Neila. Senti orgulho e ânimo. Ver que uma pessoa se identificou com um texto que você escreveu, não tem preço e isso é a melhor das vitórias pra uma pessoa que escreve. Editora, contrato, prêmios, medalhas, troféus...nada disso! Por isso que o escritor de verdade, no início de carreira, sempre precisa de uma profissão de apoio, pois o que o satisfaz é abstrato.
Parabéns para todos os participantes, havia muitos textos de ótima qualidade e todos tinham chances de levar o primeiro lugar. Obrigada, Sra. Neila.

Aproveito e deixo um poema sobre o mesmo tema do texto citado acima. Escrevi pro meu pai para dar no dias dos pais, mas não achei apropriado.

Samba do saber – Analice Alves

Ah! Já não sou aquela criança
Que escondia os brinquedos
Debaixo da cama
Que chorava por não saber
Brincar de ciranda
Pai, olhe pra esse rosto idêntico ao teu
Essa imagem cuspida e escarrada de ti
Quantos dias você demorou
Por estar enrolado no banco
Quantas horas fiquei na porta
A te esperar com sono
Pai, olhe pra essa cria
Que, sabe lá Deus, se deu certo
Tantos sonhos, tantos planos
Realidade não saiu do projeto
Quantas músicas você cantarolava
Pelos cantos a lembrar do passado
A emoção que você escondia
O sorriso quase sempre tão raro
Quantas brigas a gente criou
Quanta intriga me partiu ao meio
Hoje vejo quantas raivas
A vida jogou pra escanteio
E hoje conserto a vida
Lembrando dos seus conselhos
E nada mais
E quem nem brincava de ciranda
Hoje roda o mundo
Procurando a paz.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A tristeza é uma forma de egoísmo


E aí, como foram de Natal e Ano Novo?

Por aqui está tudo bem, graças a Deus. Meu Natal foi show, ganhei um videokê do meu pai e, claro, no Ano Novo não teve outra coisa aqui em casa a não ser cantoria e mais cantoria. Super divertido. Adorei também o amigo oculto que fiz com os meus amigos. Ganhei um cd do Fábio Jr. (brigaduuu) e um cartão LINDO demais da minha amigona Susana. Adorei ela ter me tirado, não esperava. E eu tirei Geórgia. Tudo foi super legal, apesar de a rede ter caído e eu ter me esparramado de bumbum no chão! aiii!

Não gosto muito de postar fotos nesse blog, porque aqui seria um espaço mais "profissional", vamos dizer assim...Mas não tem como mostrar minha alegria no amigo oculto apenas por palavras, então...lá vai uma foto.

Aproveito e posto um poema engraçado, mas sério, é verdade, acontece!
Amor de sobra – Analice Alves
Agradeço o teu amor
Teu carinho e teu aconchego
Mas não é mole não
A vida ta difícil
A situação ta preta
Temos amor de sobra
Mas falta comida na mesa
Você entretido na televisão
Nossos filhos desnutridos
Indo mal na escola por falta de feijão
Eu sei que emprego ta difícil
Nosso barraco fica longe
há vidas mais sofridas
Mas, meu bem, tente compreender
Amor por amor não enche barriga de ninguém
Eu me mato de tanto trabalho
Pago luz, telefone cortaram
E você entretido na televisão
Ah! Não sei como agüento isso
Um dia te deixo de castigo
Por Deus, meu bem
Há tempos não como um ovo mexido.
31/12/07
ps: a frase acima é do Arnaldo Antunes.