domingo, 12 de abril de 2009

No meu verso se faria injúria

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo
Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses
E era como se a água
Desejasse
(Hilda Hilst)
Pássaro humano - Analice Alves
Amo feito um inseto
Na tentativa incansável
De ser humano
E vencido pelo quebranto
De outro ser

Quero amar como um quero-quero
Que voa por voar
E canta por sobrevivência

Quero um sentimento
Perpétuo e sereno
Capaz de emudecer
Os meus sofrimentos
E tapar os meus ouvidos

Amor, abra a porta
Não há riscos
De eu ir embora
Suas mãos são garras
Que me prendem
E me ferem

Um minuto seria pouco
Uma vida seria nada
Pra te convencer
Que não sou o que aparento
Não sou assim tão frágil

Tenho meus orgulhos
Um refrão e um ditado
Tenho um coração sensível
E capaz
Que sofre e morde

Quero amar como um quero-quero
Que voa para pousar
E canta para ouvir

Não quero mais ser um pássaro perdido
Na obscuridade da vida
Sem carinho, sem ninho,
Sem saída...