terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Little poem

- Analice Rol

I just imagine that in few years
I'm going to remember these days
And people will laugh about my stories
And with a glass of wine in the hands
I will say: Life is short, buddies.
Life is short.

New York City
November 22 - 2010

Jim

- Analice Rol

I'm here in an italian coffee shop
Thinking about my people
I don't think about him anymore
Even when I visit places
Where I used to go with him

And everynight I wake up
Look at his picture
And ask to myself:
Who is this man?

Nine months I know Jim
And I don't know him
Life is a dead end town
My heart is just flying around the block.

New York City
November 22 - 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mês que vem

- Analice Ról


Num lugar apertado e escuro
Tirou-me as alças
Tocou-me o seio esquerdo por ser destro
E o outro encostou em seu mamilo de modo assimétrico

Abriu minhas pernas
E disse que não tinha pressa
Levou seus finos lábios de encontro
aos meus grandes lábios e ali permaneceu por horas

Os vidros embaçados de suor
E a chuva despercebida, lá fora
Gemi pelo prazer e pela aventura
E ele disse: goza
Com ternura

Beijei teus lábios e fechei minhas janelas
Mas ele quis mais e melhor
Não lembro o tempo

Ouvimos uma música de longe
Vesti as roupas às pressas
Pedi desculpas e ele me disse:
Faça tudo, mas não peça perdão, linda.

E no dia seguinte, acordei com tua voz em meu ouvido
Lembrei de cada momento e de cada sussurro
Eu quis mais, ele também

Mês que vem, meu amor
Mês que vem...



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Porta-retrato

- Analice Ról

Ao andar por esquinas, tropecei em pessoas
E de relance imaginei teu rosto e teu andar
O que faria se te encontrasse ali, sem motivos
Algo impossível, talvez

Não respondi. Não sei se choraria ou riria do absurdo
Sei que seria surpresa. Sua presença me intimidaria
Deixaria de ser eu, ali, no meio da rua.

Imagino que o homem que me assedia com os olhos
No ponto do ônibus, está mais próximo à mim do que você
E que atendentes de lanchonetes, lavadores de carro,
pássaros sem ninho devam fazer parte de tua rotina
E eu aqui, a esquecer teu rosto

O amor que talvez sentisse, não fosse mais amor
Fosse um calor momentâneo, que hoje lembra-me nossas noites
Nosso sexo, nas manhãs quando dava-me um beijo e já partia

Talvez fosse uma dor ou uma falta que preenchia com teus abraços
Achava que ao teu lado estaria protegida de mim e de tudo
Não estava. Sofri mais. Chorei.

Ali, naquelas esquinas tumultuadas, vi um homem fumando
Imaginei que se eu tivesse um vício assim: cigarro ou bebida
Amaria mais o meu vício do que a ti
Foi então que acendi um cigarro
E a imagem de um avô que não conheci
Era mais nítida do que teu rosto no porta-retrato.

[8 dias]

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quase nada

- Analice Ról

Tenho pensado pouco nele
E por pensar tão pouco, esqueço teu rosto
Fotografias me trazem sua forma,
Mas o cheiro, o jeito de andar, a forma de falar
As palavras que dizia... já esqueço

Dormiram em minha mente como um trauma de infância
Que demoramos a esquecer ou procuramos por tratamento

Tenho pensado nisso muitas vezes
Quando à noite deito e, sem teus pés por debaixo dos lençóis
Não sinto falta e acho melhor viver só

As lembranças viraram um suspiro atordoado
Uma experiência, um trecho da vida
História para contar depois para os filhos e netos
Ou para estranhos num aeroporto

Tenho pensado nele poucas vezes
Porque outros invadem meus momentos
Quando penso nele, aparece o segundo
Quando esqueço dele, me vem o terceiro
E já nem lembro do segundo que me fez esquecê-lo

Penso que é "vida que segue"
E que há tantas possibilidades
Felicidade não existe
E não quero fantasmas
Vivo meus dias como se fossem últimos
Eu não me importo mais
Não gasto lágrimas.

[9 dias]

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Descaminhos

- Analice Ról

Meu mundo roda em mãos alheias
E já nem choro por isso
Não é um grande problema
Atravesso ruas já conhecidas
Calculo os minutos para que abra o sinal
E corro

Uma dor talvez me acorde de madrugada
Pontadas no peito, queimação no esôfago
Mas sei que não é um grande problema
Rezo baixo, sussurro teu nome e já durmo

O sofrimento não é tão ruim
Olho para dentro de mim e não fujo
Apenas com olhos confusos
Como quando peguei um ônibus errado
E parei num lugar de onde não sabia sair

Pedi informação. Voltei pra casa.

Agora me vejo mulher forte
Talvez não seja. Talvez não me comporte como tal
Quando ao teu lado estiver
E deixar meu peito chorar, derreter a neve com o sal
de lágrimas
Libertar o que me aflige, o que me faz pecadora sem o ser

Se nada der certo, volto em breve
Digo que te amo e que não te esqueço
Mas abro a porta e parto para não mais voltar
Se tudo der certo, corro para teus braços
Digo que te amo e deito ao lado teu
Abro a porta deixando-a entreaberta

Se tudo já estiver certo agora
Uno minhas mãos em encontro às tuas preces
Perco a memória e esqueço de teu beijo
Não encontro o caminho para teus braços

Peço informação. Voltarei pra casa.

[12 dias]

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quinze dias

- Analice Ról

Se eu não tivesse morrido ontem
Encararia de bom grado as estrelas
Que em meus olhos são assimiladas
E fazem estrago na vista, nos cílios,
nas pálpebras

Juntaria as minhas mãos uma vez mais
Para pedir perdão por erros secos, imaturos
e banais
Tentaria ser mais que pura matéria
Buscaria ser vidros transparentes
e não espelhos
Mas cá estou: uma alma limpa
como as águas do Tejo de Cesário

Se eu não tivesse morrido ontem
Após a tempestade que corria por meus olhos
Após as preces que ouvia e o delírio que senti
Certamente continuaria no sofrimento latente
Que punge as horas, os dias, as horas, as horas
Que não passam, se arrastam

Minhas mãos, porcelanas que outrora fazia magia
Hoje se igualam a pouco, a pó, a nada
Mãos de vendedora de peixe
Num fim de feira

Se eu não tivesse morrido ontem
Talvez morresse hoje, amanhã, ou no sábado
Dessa semana, certamente, não passaria
Se for pra morrer que seja em outubro,
em mês de votação, em dia de Halloween

Mas eu já fui. E o que me matou não foi febre
Câncer, gastrite ou amor
Foi vazio. Foi um chão sem possibilidades
De se traçar um caminho

Não sou mais triste porque não deixei frutos
Não te deixei um menino de pele morena
E nariz adunco
Morro jovem
Com pais vivos
Sem filhos
Sem Diego.

[15 dias]

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

28 de outubro de 2010

- Analice Ról

Com o peito calado
Tento refazer o caminho
Pensei no egoísmo que me invade
E ao mesmo tempo
Preocupo-me com o sangue
Deixado no espinho que me fere

A vida, essa sim, complicada criatura
Tanto chão, tanto tempo
Vejo-me aqui, a chorar por um passado incerto
Um presente descrente
Um futuro que, afinal, já nem existe

Com o rosto de lado
Penso no tudo que vivi e passei
Você, talvez, não entenda o que se passou
Ache-me fraca e covarde
A fazer dramas com coisas poucas

E talvez seja isso
Coisas poucas
Pequenas
Nada
Talvez o que era tudo
Tornou-se um vazio
Completo vazio que me enche de prantos...

[16 dias e isso me assusta]

terça-feira, 26 de outubro de 2010

27 de outubro de 2010 *

Hoje, depois de um tempo que era pouco mas disfarçado de eternidade pela minha ansiedade, percebo que os erros, todos eles, foram em nome de mim mesmo. Talvez por egoísmo ou excessivo amor ao outro, o que também te faz egoísta, ainda não descobri, mas por tudo isso, deixei de ser eu e passei a ser eu mesma mas de modo incompleto. Carrego nas costas os dias que vivi sob tortura, culpando-me por erros que não eram meus, culpando-me por maldades que não vinham de mim, a ser julgada pelo olhar alheio como destruidora de sonhos. Basta. Sei que não sou a melhor pessoa do mundo e, certamente, estou longe dessa colocação, mas não posso me culpar por algo cometido sem maldade, por algo pelo qual me arrependo a cada segundo. Não posso ser julgada eternamente, perder a confiança dos que amo por imaturidade juvenil, bobagens, tolices. Não sei mais. Cansei, ando exausta de cobranças vindas de mim, de perfeccionismo impossível de ser alcançado. Eu só queria paz. Não quero dinheiro. Não quero poder. Talvez nem queira amor, o meu já se basta. Eu só queria dormir e acordar em paz. Sonhar que tudo está consertado e acordar com o toque de teus pés.

[17 dias]

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

22 de outubro de 2010

E quando achei que alcançaria tudo, dei-me conta de que o tudo já não fazia sentido. Assim como a vida que, um dia, deixei pra trás para buscar sonhos. Não há magia que faça meu coração parar de sofrer. Se amo, sofro pela saudade. Se não amo, percebo que sou fraca, frágil de forças, que o amor que parecia eterno, se desfez no ar como um perfume caro a ser desperdiçado.

[21 dias]

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

21 de outubro de 2010

O dia passou tão apressado que, quando vi, já era amanhã. Um amanhã que não conheço tudo, conheço nada. Conheço apenas os minutos que passaram, os segundos que aceleram enquanto escrevo. Cansaço. Liberdade. Amigos. O que mais gostaria eu? Uma quarta-feira cheirando a estresse mas com gosto de quero-mais. Os dias passam depressa. Quando durmo, lembro de tudo, vejo que falta pouco e bate medo e insegurança. Não sei mais se sou sua, não sei mais se sou minha, qual é o meu lugar.

[22 dias]

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

16 de outubro de 2010

O dia hoje, como outros e diferente dos mesmos, pareceu flutuar. A falta da obrigação diária e um sábado ocioso pela frente pareceram o melhor. Ferido, pensei mais uma vez. Tudo muda e ao mesmo tempo sinto como se tudo estivesse como era antes. Eu mudei. Talvez só eu tenha mudado e, por isso, enxergado tudo de outro jeito. O tempo passa. Eu passo. Eu mudo. Tudo.

[27 dias]

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

13 de outubro de 2010 - 1 mês

O que parece é que me acostumei sem ele. Mas quando sorrio pela independência, bate uma saudade inexplicável. Dor de cabeça. Dor no estômago. Ansiedade. Não quero partir, mas quero te ter por perto. Que fazer? Fechar os olhos, lembrar de teus abraços e viver os dias, os últimos. Estou aqui. Estou lá.

[30 dias]

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

08 de outubro de 2010

Indiferente, acordei atrasada. Vesti uma roupa qualquer, passei uma escova no cabelo, uma maquiagem básica, joguei caderno, livros, chaves, dinheiro dentro da bolsa, resolvi amarrar os cadarços no elevador. Meu celular com a bateria fraca apitou até me fazer desliga-lo até o fim do dia, quando cheguei a casa, comi um bife amassado com batatas e mate e novamente, saí. Dei aula para uma turma de um homem só. Escorreguei na profissão mais altruísta e sonhadora que existe: o magistério. Ser mestre requer humildade. Talvez eu não tenha. Dei entrevistas para jornais, conversei com estranhos, vi televisão, cochilei por cinco minutos e sonhei com ele. O violão aqui do lado me chama, quer falar um pouco. Mas não. Meus dedos hoje querem descanso, meus olhos querem escuridão. Meu mundo está de volta e eu mal o percebo.

[35 dias]

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

06 de outubro de 2010

O dia hoje passou corrido. Me atrasei para compromissos, mas não perceberam. Minto. Alguém notou. Sorri para desconhecidos e conversei com os mesmos sobre assuntos que só interessavam à eles, tentei ser simpática, ouvir às vezes pode fazer bem a alguém, mesmo que te dê uma dor de cabeça repentina e passageira.
Quando entrei no elevador e encontrei a vizinha do 17° e a mesma me pediu ajuda com as compras (sacolas levíssimas, na verdade), não pestanejei. Segurei as sacolas quase vazias enquanto a mesma conversava sobre sua neta advogada. O dia passou apressado. Quando dei por mim, estava aqui, sentada em uma cadeira já gasta, falando de um dia que nem terminou, dizendo besteiras de um outubro recém nascido.

[37 dias]

sábado, 2 de outubro de 2010

02 de outubro de 2010

Sim, hoje é sábado. A sexta mereceu palavras, breves porém. Se no meu peito uma escuridão cegava o que nem enxergava, o mundo abriu caminhos. Vi que tenho luz. Talvez não uma luz própria, mas um merecimento por aquilo que um dia fiz, que um dia senti e sinto. Tenho a sensação de que deixo as coisas para trás, como um personagem que há tempos escrevi e julguei. Deixo coisas mal resolvidas, resolverei em breve. Relevarei o que me aflige com a certeza de que sempre temos uma nova chance. O bom da vida é que, estando vivo, temos chances, temos a estrutura de um corpo e a eternidade de uma alma para sofrer, tropeçar, levantar, tentar. Recomeço.

[41 dias]

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

29 de setembro de 2010

Hoje acordei com a vontade de subir o Everest e ler A montanha mágica. Mas cruzei esquinas vazias e terminei um capítulo do livro de Eco. Senti a vontade do vento em me levar pra um lugar mais próximo ao mar, mas fingi que não era comigo. Continuei na mesma calçada, mirando a frente onde nada encontrava e passando por homens que olhavam o que talvez você sinta saudade de olhar. Avistei a vida a ser vivida ali tão perto, dias, digo dias e nada mais. Alívio ou suplício, desespero ou recompensa, estou num caminho necessário a se percorrer. Se certo ou errado, já não sei. Creio no poder das coisas e isso me basta.

[44 dias]

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

24 de setembro de 2010

Hoje o dia foi cheio. Cicatrizes me doeram pela manhã, quando ao pegar um ônibus, escorreguei na memória que me aflige e relembrei o que estava escondido debaixo de cacos. Ri, na verdade, quando encontrei amigos. Percebi que, antes, sentia um vazio tremendo capaz de me derrubar num dia bonito e que hoje, talvez, o que era a solução dos meus problemas, seja apenas mais um empecílio na estrada da vida. Nada acontece. Tudo acontece. Simplesmente não sei.

[49 dias]

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

22 de setembro de 2010

O dia hoje parece calmo. O calor se espalha pelo ar da cidade e nos faz ofegar. A pressão baixa abaixou um pouco mais. Vultos foram vistos. Olhos pequenos. O desejo de uma chuva cair de repente. A caminho de casa, vi crianças. Lembrei da minha infância e da infância da criança que ainda não tive. Vontade de chorar, não tive. Quis apenas continuar andando, sorrir levemente, sem mais e más intenções. Amar é fundamental na vida. Seja o que for. Hoje dei-me conta de que amo o que sinto. Com erros ou acertos, fiz tudo por uma força maior: amor e nada mais.

[51 dias]

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

17 de setembro de 2010

Hoje o dia foi longo. Cansativo. Mas leve. Levantar cedo após uma noite mal dormida, cheia de pesadelos e dores no estômago, parece desastre. Mas não. Aos poucos, ao passar das horas, nos adequamos àquela vida real. Os olhos se abrem mais, a cabeça pára de pensar nos sonhos mal lembrados, as pessoas te trazem de volta como um fio terra. Hoje está calor, mas um vento gostoso e gelado nos alivia do forno que encontramos fora da sombra. Amigos em redor, amigos, somente, porém. Risos desabrocharam de mim, conversas sem sentido, palavras vazias que meu ouvido necessita. Amigos, porém, apenas. E isso me parece o melhor.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

15 de setembro de 2010

Hoje faz calor. Mas me deu vontade de sair de casa, ver o que se passava nas ruas, no mundo. Penso que falta pouco e o tanto que já esperei faz desse pouco um muito pouco. A melhor coisa, talvez, tenha sido assumir um silêncio dos inocentes e não mais explicar. Deixar as coisas se acalmarem e voltar à vida de antes, antes que ela desaparecesse ou virasse um passado sem lembranças. Penso que não falta nada. Dois meses não exatos, menos que isso. Pouco, no entanto. Talvez tudo se resolva com a minha chegada, sem palavras. Lágrimas, porém, sei que vão escorrer pelo meu rosto, borrar a maquiagem que escolhi a dedo, vão sujar meus olhos, e mesmo assim, vou te abraçar, vou molhar tua camisa. E mesmo assim, vou te amar chorando. E você, sem saber se é o gemido do coito ou um choro de saudade, vai me mordiscar a orelha e dizer bem baixinho: I love you.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

10 de setembro de 2010

Hoje faz frio, parece julho brasileiro ou dezembro nova-iorquino. Ando pelas ruas com passos apressados, porque realmente me atraso para compromissos importantes. Meu coração pára em todas as esquinas, funciona dia sim, dia não. Nas terças e quintas costuma se ocupar mais e, por isso, ser mais feliz. Nas quartas ele quebra feito galho podre após o peso do pouso de um pássaro sem nome. Hoje faz barulho na minha cabeça. Meu mundo roda, sem respostas. Meu rosto no espelho já não é o mesmo. Mas ao ouvir aquela tal música, chorei. Derramei lágrimas que havia derramado aos doze anos. Vi que era a mesma: eu e nada mais.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

08 de setembro de 2010

O dia hoje está frio. Não sei se ando nervosa e preocupada e com mãos geladas. Sei que sinto frio na alma e nos pés. Atravessei a rua principal como se nunca a tivesse visto antes. E foi ali, onde andei de bicicleta pela primeira vez, onde peguei o ônibus no primeiro dia de faculdade, onde encontrei diversos conhecidos e paramos para um papo ou um sorriso. Atravessei. Mudei de calçada e o frio parecia maior no outro lado. Amanhã é dia de aniversário. De quem, pergunto eu. Meu dia. Não estou feliz como nos outros anos. Tenho tanta coisa para pedir antes de apagar as velinhas que é bem capaz d'elas apagarem sozinhas, por si só. E eu ficar de olhos molhados e uma fatia de bolo na mão, sem ter a quem entregar um primeiro pedaço.
O dia é de festa e o que eu espero é que faça festa em meu coração e minha vida encha-se de esperança e perdão por amar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

6 de setembro de 2010

O dia hoje me parece melhor do que o ontem, quando o sofrimento da semana parece ter se dissolvido num único dia. Tudo parece maior na estrada, tudo parece pior num domingo. Hoje tento esquecer o ontem e as coisas que me fizeram mal. Tenho consciência de meus erros e da minha vontade de menos errar, mas é complicado. O mundo é tão torto que, buscando as coisas boas, acabei alcançando o errado e paguei o preço.
O dia está frio e cinzento. Os pássaros sumiram, as ruas estão vazias de carro, de gente, de almas. Feriado, penso eu. Sinto cansaço das coisas que ainda não fiz, temo por aquilo parecer insano, tenho medo de não conseguir viver mais do que vivi e não consertar os meus danos. Tenho certeza, alguém olha pra mim com olhos de pena e eu pouco posso fazer: sinto raiva de mim mesma.

sábado, 4 de setembro de 2010

04 de setembro de 2010

O dia hoje parece uma jaula sem leões. Trancada dentro de mim e sem portas para mim mesma, encaro o que parecia distante: setembro. Tenho em mente os dias passando velozmente e o mundo a girar. Sou apenas um grão de areia, uma gota d'água. A dor no estômago que antes não tinha explicação, hoje tem até nome e, por sinal, assustador. As letras que viviam em minha mente prestes a se fazerem poesia, servem apenas para escrever e desabafar pensamentos desfeitos, mal elaborados. Tenho pena de quem é fraco, costumava pensar assim. Hoje minha realidade é outra: uso a fraqueza que tenho para ser mais forte. Uso a fortaleza inalcançável com palavras e dizeres alheios. Estou cansada. Só quero dormir, esquecer desse dia. Pensar que o futuro está aí: novembro.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

02 de setembro de 2010

O dia hoje foi quente. Desses que pensamos resultar em chuva no final das contas, mas não. Bichos de luz invadiram meu quarto e pareciam querer assistir televisão junto comigo. A apresentação de um trabalho sobre galego-português parece ter sido o objetivo do dia. Acordar, lavar o rosto, ajeitar o cabelo no espelho do elevador, pegar um ônibus e enfim, apresentar um trabalho sobre o galego-português. A vida, pelo menos, parece menos quente do que o dia. O frio que senti quando deixei teus braços é o mesmo que sinto agora, quando lembro do teu sorriso e sorrio junto, sem perceber. Depois de amanhã faço três meses longe de ti e todos dizem nossa, você sobreviveu. Ainda não sei. Não sei se sobrevivi por saber que vou te ver em breve ou se realmente morri por dentro e não me dei conta. Sei que, me amando ou não, vou ver teus olhos e eles me manterão viva por um século. A vida parece um quarto abafado, com janelas fechadas e bichos na luz. Amanhã eles comerão meus livros.

sábado, 28 de agosto de 2010

28 de agosto de 2010

Hoje ainda é hoje e, por isso, não posso falar muito do hoje, pois ainda não é amanhã. Sei apenas que venta forte lá fora, ao contrário da quinta-feira, quando o calor ocupou um corpo já quente. Hoje a varanda do apartamento parece o quintal de uma casa de interior, com vento fresco e ameno, com flores caindo das plantas e pássaros a alcançar o bebedouro. A vida continua a mesma, só que mais curta, com um dia a menos. Há sentimentos profundos e segredos jamais revelados, coração na boca ao ouvir teu nome e suor nas mãos ao perceber que ainda te quero. Ontem eu deitei em minha cama com a certeza de que te amo. Hoje acordei com a esperança de que fosse sonho. Não era. O hoje é uma realidade brutal: ainda te amo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

25 de agosto - 85 dias

Hoje fez calor e o dia passou apressado. Quando senti um peso nas costas, já eram seis da tarde: hora de ir embora, chegar a casa, comer meio saco de batatas com mate gelado. O dia foi quente, com sol a pino, com direito a roupa colada no corpo, boca seca e cabelo oleoso. Hoje, segundo o jornal, o dia mais quente do inverno. Pois pra mim foi o dia mais quente do ano. Amanhã o sol vai voltar, o calor que no meu corpo ainda vive, ressuscitará em forma de cansaço e pesos nas costas, falta de energia nos nervos. Estou certa: vou acordar suada, vou almoçar uma salada mesmo sem fome, vou pra vida viver o que me resta. Tudo isso, pensando em você.

sábado, 21 de agosto de 2010

21 de agosto - Pouquíssimo menos

E os dias continuam a se arrastar como água de chuva após atingir o chão. Mas de modo produtivo, eles se mostram ousados e velozes. Se arrastam como correnteza, velozmente, assustadoramente corrido. A lista de livros a serem lidos em três meses e que parecia uma meta facil de se cumprir, começa a causar desconforto e preocupação: temos meses a seguir, mas não dará tempo. O futuro que queríamos certo e congelado em nossas mãos, como o bife no congelador que tiramos de seu lugar frio, fritamos e comemos. O futuro não está congelado, porque ainda não existe... talvez o passado esteja paralizado em nossas mentes, mas também não existe mais. Hoje, agora, um sábado a noite, o penúltimo sábado de agosto, me faz pensar o que será de mim no mês que vem. Se sobrevivo ou se desabo, se olho para dentro de mim e sofro com verdade ou se olho para o mundo que me cerca e sorrio falsamente. Vez em quando a vida parece um pão sem recheio, ora duro feito pedra ora quentinho feito tarde de verão.

domingo, 15 de agosto de 2010

15 de agosto de 2010 - 3 meses

E a vida não é mais aquela maravilha, onde os dias passam e são vistos como graças e sorte. Os dias nessa nova vida, passam sem serem passados, se arrastam, são ocupados de propósito, pois assim é mais fácil, não há tempo, não há espaço para lembranças e saudades. Como a dor no ouvido que, de tão grande, faz esquecermos da dor causada por um amor, do buraco no peito, como uma úlcera no coração... ácido. A vida passa a ser uma quarta-feira chuvosa, cheia de compromissos que nos obrigam a deixar a cama e encarar um guarda-chuva quebrado. É uma batalha, em que não usamos armas, somos atacados por animais e pelo mal tempo. Vivemos sem tristeza e sem felicidade. Vivemos porque temos vida.

domingo, 9 de maio de 2010

Broken record

I hope your heart does not forget things like your mind. Cause everytime ark why i cry every night. Boy, how can you forget everything that you said? You just made mistakes. So how can i sleep with no tears and no prayers? You said i dont know what to do i'm going nowhere. Baby i have two hands and a head. I dont need the rest of the rest.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Streets

- Analice Rol

Wandering on these streets
I let my tears come out
And the air enter inside my lungs
I`m here lost and alone
With brazilian shoes
And sunglasses
- Nobody can see my red eyes
- Nobody can see my cold toes
I change the song

Wandering on these streets
People, especially men
Look at me at the same time
They know that I`m not from here
These eyes and this nose are from Brazil,
Mexico, wherever
But are not from America

I realized that I`m here by myself
Speaking english, thinking in english,
Forgeting my language and my name

I`m here
Wandering on these streets
In Brighton Beach
Looking for a pharmacy
To buy a tooth brush
And a tissue for my tears

I`m here, crying
The child who lives in me
Is dying
I throw it up
I grew up!
I`m in Brooklyn
Missing the picture
I have never taken with my family
Missing the eyes I saw yesterday
I`m here alone
And the wind is holding my hand.

(New York, april 28, 2010)

sábado, 17 de abril de 2010

How to get a broken heart

- Analice Alves

First of all, try to don`t think
about yourself and be worried
about birds and bees

Second, travel to other country
or other town and fall in love
with somebody who you will never
see again

Finally, go back to your place
Kiss your parents, take a nap
Call your friends, go to parties

Put your hand on your heart
You cannot feel, but trust me
It is broken

Your eyes will shed tears
on your face
suddenly...

(New York, April 16 - 2010)