terça-feira, 28 de julho de 2009

Precipício

- Analice Alves

Parto do princício
de que te amo
e assim pensando
imagino que caio
num abismo sem deus
num mundo sem inércia
numa jaula com leões

Parto do pressuposto
de que te odeio
e assim conscientizo-me
que sou água, terra, fogo
e o ar me falta
e eu quero fechar a janela
e sentir calor
abrir tua camisa
arrebentar teus botões
deixar meu suor misturar-se
às lágrimas amargas que já não choras

não tenho motivos, meu amor
se o sêmen se espalhou sobre o meu corpo
se o gozo é maior que o teu sufoco
se me tocas e nada sinto
és pequeno.