- Analice Alves
Talvez a vida tenha feito de nós
Apenas fantasmas de nós mesmos
Medonhos espíritos que dançam
Sobre nossos solos
Talvez o grito tenha sido sem força
E não tenhas ouvido o socorro pedido
A fé que me foi imposta ainda vive
E não me imagino a viver o contrário
Na cama em que durmo tudo é escuro
Como sonhos cheios de tiros e constelações.
A ventania atinge os meus olhos. Folhas
caem sobre meus cabelos. Sonhos.
Talvez o giro que o mundo dá seja pouco
E me deixe sempre aqui, no mesmo lugar
A desejar teu corpo como se nada mais houvesse
A amar teu cheiro por ser parte de ti.
Talvez a vida tenha feito de mim
Apenas alguém pra viver o momento
Em que beijo teus lábios sem medo do fim
E me faça fantasma após o tormento
Talvez a vida tenha feito de ti
Apenas um ombro pra eu chorar a dor
De não te ter por completo
Do ódio, meu querido, nem chego perto
Talvez o giro que a Terra dá seja tanto
Que me deixe sempre aqui, a rodar e rodar
A te amar pra sempre como uma menina
A girar junto ao mundo feito bailarina.
Talvez a vida tenha feito de nós
Pedaços esparsos de amor e medo
Corações partidos com peças perdidas
Eu em tuas mãos feito um brinquedo
Coração mal montado:
a peça de baixo na de cima
e a de cima na de baixo
Meu peito junto ao teu
Feito poema sem rima
e com letra indecifrável.
[Analice Alves, 02.09.09]
domingo, 13 de setembro de 2009
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