- Analice Alves
Olhei minha alma
E nela vi teu rosto
E nele ela também
Se escondia
E eu me via
Na água que descia
Pelo ralo
Na toalha grossa e gasta
Com a qual enxugavas o rosto
Pelo espelho já passo distraída
Pois, deste modo, levo a vida
E eu me via
Nos garranchos do teu caderno
De poemas
E no bombom recheado
De licor amargo
Via-me ao teu lado
Como o espinho
Que embeleza a flor
Mas também fere
E eu me via na morte
Das coisas simples
E na alegria causada
Por este corte
E em ti eu me encontrava
Como a cortina balançada
Pelo vento quente
Como um vestido de verão
Que esconde
Mas não aquece.
Olhei o meu corpo
E era como se ele
Não mais existisse
Era como se eu fosse
Apenas alma e espírito
E a matéria se fez nada
E eu me via nas mãos
De uma mulher sofrida
Que treme e chora
Ao enxergar que o amor
Não cicatriza
E eu me via nos olhos
Nos teus olhos
Apoiada ao ombro
De um amor que passa...
quarta-feira, 15 de abril de 2009
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