domingo, 30 de setembro de 2007

Ainda amamos


Poesia antiga e necessária.

AINDA – Analice Alves

Minha alma ardente
Não mente pra minha mente
Quem sabe isso
Seja indício de amor

Meu corpo
Tão morno
Torto, frágil
Ainda aquece
E contém vapor

Esse sentimento
Tão forte
Que me torna
Tão frágil
E corajosa
Ao mesmo tempo

Essa ânsia
De te encontrar
Esteja você
Com ou sem ela
Faz-me amar mais
O mundo
E a querer mais do que
Tudo

Seja no sol, na chuva
Encontro em mim
A vontade de te ter
Permanece em mim
O amor que pensei
Ter perdido

Penso, anoiteço, escrevo
Escrevo, escrevo, escrevo
E na realidade, mal sei o que faço
São poemas...Poemas apenas
Letras soltas, mastigadas
Palavras tortas
Que já nem sei o que soam.

No calor, no torpor, no inverno
Talvez em dezembro
Fora de hora
Talvez um outono
Que embrulhe meu sonho
Talvez o sorriso
Que já não sei sorrir
Talvez na perda
No escuro
Do outro lado
Do muro
Encontre o motivo
De tudo

Não sei mais o que sou
Não sei mais o que fui
Não sei mais o que posso ser
Apenas sei que meu peito chora
E apesar das dores e desenganos
Ainda sei que ainda te amo.

03/01/06

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A Metalinguagem de cada dia


Thank You for Saying Thank You – Charles Benstein

This is a totally/accessible poem./There is nothing/in this poem/that is in any/way difficult/to understand/.All the words/are simple &/to the point./There are no new/concepts, no/theories, no/ideas to confuse/you. This poem/has no intellectual/pretensions. It is/purely emotional./It fully expresses/the feelings of the/author: my feelings/,the person speaking/to you now./It is all about/communication./Heart to heart./This poem appreciates/& values you as/a reader. It/celebrates the/triumph of the/human imagination/amidst pitfalls &/calamities. This poem/has 90 lines,/269 words, and/more syllables than/I have time to/count. Each line,/word, & syllable/have been chosen/to convey only the/intended meaning/& nothing more./This poem abjures/obscurity & enigma./There is nothing/hidden. A hundred/readers would each/read the poem/in an identical/manner & derive/the same message/from it. This/poem, like all/good poems, tells/a story in a direct/style that never/leaves the reader/guessing. While/at times expressing/bitterness, anger,/resentment, xenophobia,/& hints of racism, its/ultimate mood is/affirmative. It finds/joy even in/those spiteful moments/of life that/it shares with/you. This poem/represents the hope/for a poetry/that doesn't turn/its back on/the audience, that/doesn't think it's/better than the reader,/that is committed/to poetry as a/popular form, like kite/flying and fly/fishing. This poem/belongs to no/school, has no/dogma. It follows/no fashion. It/says just what/it says. It's/real.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Somos corações

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Na aula de Teoria da Literatura, o professor chamou a atenção para a necessidade de um herói coletivo como um dos quesitos para uma parábola ou fábula ou uma história qualquer ser aceita por uma sociedade. Pensei tanto no herói do Hoje e percebi que não o temos. Lula para os brasileiros é menos que um presidente e muito menos do que um ser do fundo do mar. É aquele que usou a esperança do povo como vaidade. É como aquela mulher que compra uma bolsa com o dinheiro do marido. Ela compra não porque gostou da bolsa, mas porque o dinheiro era do marido. Não somos obrigados a entender o mundo em que vivemos e muito menos a concordar com todas as regras, normas ou leis. Abrir mão da concordância parece puro teatro, pura ideologia. Por que não quebrar as regras e lutar por um mundo melhor pra nós? Estamos precisando de um herói coletivo, mas o mundo atual prefere os vilões. Como o Olavo é uma graça, a Bebel é tão engraçada, o Jefferson abriu os olhos dos brasileiros. Pois é, quem entende. Mas como eu já disse, não somos obrigados a entender o mundo, mas somos obrigatoriamente obrigados a saber viver nele, a sentir o que ele nos pede como uma intuição ou puro sentido humano. Como disse Humberto Gessinger: "não somos cardiologistas, somos corações".
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Deixa a menina sambar em paz


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Tenho vergonha dessa poesia. Até porque, não tem muito a ver comigo. Espero que acreditem nisso.




Deixa disso - Analice Alves

Ô Menino, deixa disso!
Pare com esse vício
De me magoar

Ô Menino, não vês
Que é um malefício
Pro meu pobre heart

Ai, meu Santo Cristo
Ilumine o coração desse menino
Que só sabe me machucar, me doer
Vê se acabe com esse perigo
De me fazer chorar
Só de ele me ver

Ai, meu Santo Daime
Dá-me paciência pra aturar
Tamanho desespero
Tamanho penar cravado em mim

E o menino que acabou
Com my heart
Que esqueceu my voice
E esnobou my car
Hoje está comendo
Um big mac
Fazendo o big brother
Virando um pop star
E esquecendo do meu Kiss.

06/05/07

terça-feira, 25 de setembro de 2007


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Inveja do Camelo quando fez:



"é preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê"

(Além do que se vê - Los Hermanos)


Esconderijo – Analice Alves

Meu coração
Se fazendo de moradia
Lá ainda existe vida?
Ausência, abismo, dor
Risco corrido
Rabisco decorado
E apagado na memória

Quantas vezes
Encontrei o amor
Esquecido num canto
Numa prateleira
Escondido entre os livros

De quando em quando
Passava uma flanela no amor
Um pouco de verniz
Disfarçando a cicatriz

Depois esquecia...
No meio da tarde
Escutava seu gemido de dor
Estava ocupada
Cortando as unhas dos pés
Ou batendo uma vitamina
No liquidificador

O amor foi envelhecendo
Pouco usado
Desperdiçado
Subtraído

Depois de tanto espanto
Tanto pranto
Tanto tanto
Dei-me conta de que o amor
Merecia muito mais
Do que isso...

06/05/07

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Destino para lugar algum

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A claridade do dia não oprime a tristeza da vida. Quem dera a escuridão fosse apenas um quarto de criança no breu com palhacinhos sorrindo nas prateleiras. Quem dera as dores do amor fossem curadas com sonridor. Queria ser um gato com sete vidas ou um desenho de vídeo game com milhares dela.
23/09/07

Ontem, voltando da Bienal, uma imagem chamou minha atenção não porque era diferente, pelo contrário, muito comum: um menino fazendo malabarismo no trânsito da Barra. Era um domingo à noite. Rapidamente, veio à mente as possibilidades daquele menino: ele poderia estar em casa, vendo televisão, lanchando, voltando de viagem e ainda, arrumando os livros na mochila pra acordar cedo hoje e ir à escola. Nunca concordei em dar dinheiro pra criança visto que logo aparece um adulto (antes escondido) e toma as míseras moedas das mãos do menor. Mas nesse caso, se a vida dele é ruim sem a moeda, seria pior sem esta. Demos-lhe um real.
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domingo, 23 de setembro de 2007

Papai, não me empreste o carro!


Um dia sem carro...
Tirem suas bicicletas de casa!

sábado, 22 de setembro de 2007

Parceria

Parceria minha com Tom Siqueira, música caaaalma...
Foi dessa música que tirei o nome do blog.

Outros Ares - Analice Alves e Tom Siqueira

Meu peito aqui dentro bate calmo
Lá fora, o jeito é viver de espanto
Tanto pranto, tanto sonho
Tanta canto calado em vão

Saiba, meu coração anda mal
E o doutor mandou avisar
Que morrer de amor
É morte natural

Talvez seja melhor
Procurar outros mares
Já pensei até em
Respirar outros ares
Procurar em outros olhares
Um amor que é só seu

Por favor, me conduza ao teu mundo
Por favor, me faça esquecer de tudo
O que eu já vi
O que eu vivi
Antes de você

Meu amor, me mate de amor e de medo
Por favor, me mande cartas
Um torpedo
Um poema, de repente
Um e-mail
Uma corrente

Por favor, me mate de amor e de medo
Meu amor, me faça de capacho e de brinquedo
Me mate de susto, de repente
Me ligue no meio do expediente
Por favor, me conduza ao teu céu

11/07/07

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Memória

Poema escrito à pedido da professora Lygia na aula de Língua Portuguesa.

Memória - Analice Alves

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O riso da criança
A piada do avô
A janela escancarada
Teu sorriso na memória
O medo das ruas escuras
Minhas mãos nas tuas
A vida já vivida
Meus olhos perdidos nas rugas
A morte mal vinda
O último capítulo
Teu sorriso na memória
Meu fim
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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A sensação do menos querer

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O meu medo não é deixar de contribuir na caixinha de orgulhos, mas sim acha-la supérflua ou mesmo, pura matéria. Depois dos orgulhos terem virado pura abstração, a caixinha de orgulhos ficou na memória, na imaginação, pra falar a verdade, ela nunca existiu de fato dentro do armário do papai. Antes, qualquer poema escrito por mim, qualquer desenho feio e rabiscado, lá estava na caixinha, mas depois de crescida, os orgulhos passam a ser abstratos, não dá pra guardar um gesto dentro dela ou uma aprovação no vestibular. O máximo seria guardar o papel da inscrição das disciplinas, mas não a felicidade que se sente. A caixinha de orgulhos, de fato, não existe. Por mais que eu procure nas coisas dele uma caixa pequena com meu nome escrito, não vou achar. Era pura enganação, mentiras daquelas que alimentam nossa infância e nos fazem produzir sempre orgulhos achando que eles estarão, um dia, na caixinha de orgulhos do papai.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A sensação do mais saber

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Pois bem, agora com 19 anos, mentiria caso dissesse que penso de modo diferente. Não se muda de um dia pro outro ou, no meu caso, de um ano pro outro. Diante de tantas pessoas me perguntando: E aí, como está se sentindo com mais um ano de vida? Continuo sendo a mesma, apesar de achar muito mais punk mudar de repente. às vezes, acho que nunca vou crescer e em outras horas, penso que nunca fui criança. Brincadeirinhas demais sempre me enjoaram e seriedade em demasia sempre me provacaram vômitos. Sinceramente, não sei quem sou, quem quero ser, quem fui e em quem vou me tornar daqui por diante. Estou satisfeita com meu jeito, não faço mal a ninguém, tenho bons amigos, uma família confusa (quem não tem?) que eu amo, um pijama amarelo, livros de Dostoievski, discos do Chico, lembranças. Do que mais preciso? Sim, saúde, todos precisam de saúde. É verdade. Todos precisam de um bom plano de saúde, prato de comida farto, rica poupança no banco e a sabedoria daquilo que não se esquece, como o que é Bretton Woods.
A prova de domingo está me deixando nervosa. Apesar de saber que se eu não passar (o mais natural de acontecer), nada vai acontecer de ruim. Tenho a vida pela frente e...blá blá blá. Mas sinto raiva de mim mesma quando perco algo que eu poderia ter ganhado. Dane-se! Tem certas coisas que é ver pra crer, estudar pra conseguir ou, se esforçar pra concorrer.
Estou adorando a faculdade. Sinto orgulho ao dizer: Faço Letras na UFF! Apesar dos mil olhares que me olham com quem diz: Mas você vai ser professora? Claro, pô! Mas, que seja.
Ter 19 anos não significa saber tudo. Muito menos o que se quer.
=)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

A sensação do mais perder

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Peguei uma gripe daquelas que te derruba sem piedade. Daquele tipo que você leva a cama pra todos os lugares que você vai, toma um remédio, tenta engolir um comprimido de significativos centímetros de comprimento, dorme um pouco, recebe um colinho da mamãe, um telefone atencioso da vovó, uns recados dos amigos, uma preocupação aqui outra acolá. Daquele tipo que qualquer ventania estraga a efêmera melhora causada pelo comprimido de centímetros. Ainda mais aquele vento de beira de praia, aquele vento de centro de cidade às dez horas da noite. Pra completar, ainda gruda no coração e, principalmente, na mente, aquela sensação de estar perdido. Faltar tantas aulas, tantas reuniões entre amigos, tantos tantos, dá uma sensação de ter perdido momentos, mas é isso mesmo, um pouco de perda de vida. O sentimento de uma pessoa que acabou de sair do coma, coloca os pés no chão e vê que o mundo não parou...e você torna-se, meramente, mais um perdido. Aquela ralação toda pra recuperar o que se perdeu, quebra de cabeça pra pegar a matéria dada, arrumar um grupo pro trabalho tal, apesar de todos os grupos já estarem formadíssimos. Sensação de perdição, dor de cabeça e gripe.
Pra completar, meu aniversário é dia 09 agora, domingo. Disposição em grau zero para fazer qualquer lanchinho entre amigos ou jantar em família, apesar de amar muito meus amigos e parentes. Acho que é a gripe mesmo, o resfriado que congela nossas mentes, nosso corpo, nossos pés, mas derrete nossos corações...
Vamos esperar..."Tem certas coisas que eu não sei dizer..."
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Beijo grande! =)