sábado, 28 de agosto de 2010

28 de agosto de 2010

Hoje ainda é hoje e, por isso, não posso falar muito do hoje, pois ainda não é amanhã. Sei apenas que venta forte lá fora, ao contrário da quinta-feira, quando o calor ocupou um corpo já quente. Hoje a varanda do apartamento parece o quintal de uma casa de interior, com vento fresco e ameno, com flores caindo das plantas e pássaros a alcançar o bebedouro. A vida continua a mesma, só que mais curta, com um dia a menos. Há sentimentos profundos e segredos jamais revelados, coração na boca ao ouvir teu nome e suor nas mãos ao perceber que ainda te quero. Ontem eu deitei em minha cama com a certeza de que te amo. Hoje acordei com a esperança de que fosse sonho. Não era. O hoje é uma realidade brutal: ainda te amo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

25 de agosto - 85 dias

Hoje fez calor e o dia passou apressado. Quando senti um peso nas costas, já eram seis da tarde: hora de ir embora, chegar a casa, comer meio saco de batatas com mate gelado. O dia foi quente, com sol a pino, com direito a roupa colada no corpo, boca seca e cabelo oleoso. Hoje, segundo o jornal, o dia mais quente do inverno. Pois pra mim foi o dia mais quente do ano. Amanhã o sol vai voltar, o calor que no meu corpo ainda vive, ressuscitará em forma de cansaço e pesos nas costas, falta de energia nos nervos. Estou certa: vou acordar suada, vou almoçar uma salada mesmo sem fome, vou pra vida viver o que me resta. Tudo isso, pensando em você.

sábado, 21 de agosto de 2010

21 de agosto - Pouquíssimo menos

E os dias continuam a se arrastar como água de chuva após atingir o chão. Mas de modo produtivo, eles se mostram ousados e velozes. Se arrastam como correnteza, velozmente, assustadoramente corrido. A lista de livros a serem lidos em três meses e que parecia uma meta facil de se cumprir, começa a causar desconforto e preocupação: temos meses a seguir, mas não dará tempo. O futuro que queríamos certo e congelado em nossas mãos, como o bife no congelador que tiramos de seu lugar frio, fritamos e comemos. O futuro não está congelado, porque ainda não existe... talvez o passado esteja paralizado em nossas mentes, mas também não existe mais. Hoje, agora, um sábado a noite, o penúltimo sábado de agosto, me faz pensar o que será de mim no mês que vem. Se sobrevivo ou se desabo, se olho para dentro de mim e sofro com verdade ou se olho para o mundo que me cerca e sorrio falsamente. Vez em quando a vida parece um pão sem recheio, ora duro feito pedra ora quentinho feito tarde de verão.

domingo, 15 de agosto de 2010

15 de agosto de 2010 - 3 meses

E a vida não é mais aquela maravilha, onde os dias passam e são vistos como graças e sorte. Os dias nessa nova vida, passam sem serem passados, se arrastam, são ocupados de propósito, pois assim é mais fácil, não há tempo, não há espaço para lembranças e saudades. Como a dor no ouvido que, de tão grande, faz esquecermos da dor causada por um amor, do buraco no peito, como uma úlcera no coração... ácido. A vida passa a ser uma quarta-feira chuvosa, cheia de compromissos que nos obrigam a deixar a cama e encarar um guarda-chuva quebrado. É uma batalha, em que não usamos armas, somos atacados por animais e pelo mal tempo. Vivemos sem tristeza e sem felicidade. Vivemos porque temos vida.