quarta-feira, 29 de setembro de 2010

29 de setembro de 2010

Hoje acordei com a vontade de subir o Everest e ler A montanha mágica. Mas cruzei esquinas vazias e terminei um capítulo do livro de Eco. Senti a vontade do vento em me levar pra um lugar mais próximo ao mar, mas fingi que não era comigo. Continuei na mesma calçada, mirando a frente onde nada encontrava e passando por homens que olhavam o que talvez você sinta saudade de olhar. Avistei a vida a ser vivida ali tão perto, dias, digo dias e nada mais. Alívio ou suplício, desespero ou recompensa, estou num caminho necessário a se percorrer. Se certo ou errado, já não sei. Creio no poder das coisas e isso me basta.

[44 dias]

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

24 de setembro de 2010

Hoje o dia foi cheio. Cicatrizes me doeram pela manhã, quando ao pegar um ônibus, escorreguei na memória que me aflige e relembrei o que estava escondido debaixo de cacos. Ri, na verdade, quando encontrei amigos. Percebi que, antes, sentia um vazio tremendo capaz de me derrubar num dia bonito e que hoje, talvez, o que era a solução dos meus problemas, seja apenas mais um empecílio na estrada da vida. Nada acontece. Tudo acontece. Simplesmente não sei.

[49 dias]

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

22 de setembro de 2010

O dia hoje parece calmo. O calor se espalha pelo ar da cidade e nos faz ofegar. A pressão baixa abaixou um pouco mais. Vultos foram vistos. Olhos pequenos. O desejo de uma chuva cair de repente. A caminho de casa, vi crianças. Lembrei da minha infância e da infância da criança que ainda não tive. Vontade de chorar, não tive. Quis apenas continuar andando, sorrir levemente, sem mais e más intenções. Amar é fundamental na vida. Seja o que for. Hoje dei-me conta de que amo o que sinto. Com erros ou acertos, fiz tudo por uma força maior: amor e nada mais.

[51 dias]

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

17 de setembro de 2010

Hoje o dia foi longo. Cansativo. Mas leve. Levantar cedo após uma noite mal dormida, cheia de pesadelos e dores no estômago, parece desastre. Mas não. Aos poucos, ao passar das horas, nos adequamos àquela vida real. Os olhos se abrem mais, a cabeça pára de pensar nos sonhos mal lembrados, as pessoas te trazem de volta como um fio terra. Hoje está calor, mas um vento gostoso e gelado nos alivia do forno que encontramos fora da sombra. Amigos em redor, amigos, somente, porém. Risos desabrocharam de mim, conversas sem sentido, palavras vazias que meu ouvido necessita. Amigos, porém, apenas. E isso me parece o melhor.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

15 de setembro de 2010

Hoje faz calor. Mas me deu vontade de sair de casa, ver o que se passava nas ruas, no mundo. Penso que falta pouco e o tanto que já esperei faz desse pouco um muito pouco. A melhor coisa, talvez, tenha sido assumir um silêncio dos inocentes e não mais explicar. Deixar as coisas se acalmarem e voltar à vida de antes, antes que ela desaparecesse ou virasse um passado sem lembranças. Penso que não falta nada. Dois meses não exatos, menos que isso. Pouco, no entanto. Talvez tudo se resolva com a minha chegada, sem palavras. Lágrimas, porém, sei que vão escorrer pelo meu rosto, borrar a maquiagem que escolhi a dedo, vão sujar meus olhos, e mesmo assim, vou te abraçar, vou molhar tua camisa. E mesmo assim, vou te amar chorando. E você, sem saber se é o gemido do coito ou um choro de saudade, vai me mordiscar a orelha e dizer bem baixinho: I love you.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

10 de setembro de 2010

Hoje faz frio, parece julho brasileiro ou dezembro nova-iorquino. Ando pelas ruas com passos apressados, porque realmente me atraso para compromissos importantes. Meu coração pára em todas as esquinas, funciona dia sim, dia não. Nas terças e quintas costuma se ocupar mais e, por isso, ser mais feliz. Nas quartas ele quebra feito galho podre após o peso do pouso de um pássaro sem nome. Hoje faz barulho na minha cabeça. Meu mundo roda, sem respostas. Meu rosto no espelho já não é o mesmo. Mas ao ouvir aquela tal música, chorei. Derramei lágrimas que havia derramado aos doze anos. Vi que era a mesma: eu e nada mais.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

08 de setembro de 2010

O dia hoje está frio. Não sei se ando nervosa e preocupada e com mãos geladas. Sei que sinto frio na alma e nos pés. Atravessei a rua principal como se nunca a tivesse visto antes. E foi ali, onde andei de bicicleta pela primeira vez, onde peguei o ônibus no primeiro dia de faculdade, onde encontrei diversos conhecidos e paramos para um papo ou um sorriso. Atravessei. Mudei de calçada e o frio parecia maior no outro lado. Amanhã é dia de aniversário. De quem, pergunto eu. Meu dia. Não estou feliz como nos outros anos. Tenho tanta coisa para pedir antes de apagar as velinhas que é bem capaz d'elas apagarem sozinhas, por si só. E eu ficar de olhos molhados e uma fatia de bolo na mão, sem ter a quem entregar um primeiro pedaço.
O dia é de festa e o que eu espero é que faça festa em meu coração e minha vida encha-se de esperança e perdão por amar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

6 de setembro de 2010

O dia hoje me parece melhor do que o ontem, quando o sofrimento da semana parece ter se dissolvido num único dia. Tudo parece maior na estrada, tudo parece pior num domingo. Hoje tento esquecer o ontem e as coisas que me fizeram mal. Tenho consciência de meus erros e da minha vontade de menos errar, mas é complicado. O mundo é tão torto que, buscando as coisas boas, acabei alcançando o errado e paguei o preço.
O dia está frio e cinzento. Os pássaros sumiram, as ruas estão vazias de carro, de gente, de almas. Feriado, penso eu. Sinto cansaço das coisas que ainda não fiz, temo por aquilo parecer insano, tenho medo de não conseguir viver mais do que vivi e não consertar os meus danos. Tenho certeza, alguém olha pra mim com olhos de pena e eu pouco posso fazer: sinto raiva de mim mesma.

sábado, 4 de setembro de 2010

04 de setembro de 2010

O dia hoje parece uma jaula sem leões. Trancada dentro de mim e sem portas para mim mesma, encaro o que parecia distante: setembro. Tenho em mente os dias passando velozmente e o mundo a girar. Sou apenas um grão de areia, uma gota d'água. A dor no estômago que antes não tinha explicação, hoje tem até nome e, por sinal, assustador. As letras que viviam em minha mente prestes a se fazerem poesia, servem apenas para escrever e desabafar pensamentos desfeitos, mal elaborados. Tenho pena de quem é fraco, costumava pensar assim. Hoje minha realidade é outra: uso a fraqueza que tenho para ser mais forte. Uso a fortaleza inalcançável com palavras e dizeres alheios. Estou cansada. Só quero dormir, esquecer desse dia. Pensar que o futuro está aí: novembro.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

02 de setembro de 2010

O dia hoje foi quente. Desses que pensamos resultar em chuva no final das contas, mas não. Bichos de luz invadiram meu quarto e pareciam querer assistir televisão junto comigo. A apresentação de um trabalho sobre galego-português parece ter sido o objetivo do dia. Acordar, lavar o rosto, ajeitar o cabelo no espelho do elevador, pegar um ônibus e enfim, apresentar um trabalho sobre o galego-português. A vida, pelo menos, parece menos quente do que o dia. O frio que senti quando deixei teus braços é o mesmo que sinto agora, quando lembro do teu sorriso e sorrio junto, sem perceber. Depois de amanhã faço três meses longe de ti e todos dizem nossa, você sobreviveu. Ainda não sei. Não sei se sobrevivi por saber que vou te ver em breve ou se realmente morri por dentro e não me dei conta. Sei que, me amando ou não, vou ver teus olhos e eles me manterão viva por um século. A vida parece um quarto abafado, com janelas fechadas e bichos na luz. Amanhã eles comerão meus livros.