sexta-feira, 12 de junho de 2009

Oferta

- Analice Alves

Toma meu peito, amor
E se faça nele presente
Escreva poemas em meu ser
Tatue teu nome em meu ventre
Arranque os cabelos

Toma meu amor, querido
E aproveite bem enquanto é tempo
O vento já balançou os meus cabelos
Num eterno descontento

Toma meu sangue, amor
E inclua minhas dores em tuas preces
Acenda uma vela ao santo que confias
Ofereça um ramo em meu nome

Toma meu suor, amor
E se esforce junto a mim
Batalhe pelo dia de ontem no amanhã
Enalteça o que silencio sem mentir

Toma este vinho, meu bem
E faça o que fiz em tua ausência
Pedi perdão, chorei, senti tua falta
Caí em desespero

Toma este poema, amor
E guarde como um regato extremo de bondade
Não escrevo para quem chamo
Escrevo o que vivo
E vivo para os que amo.