sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Longe é um lugar que não existe

Poema V - Analice Alves

Veja só que amor insano
Não sei se sou uma pobre carente
Ou se realmente te amo.

Texto de Literatura (meu "trabalho")
Sem título - Analice Alves
Olhando para o fundo da xícara de chocolate quente, pensei em Sônia. Seria melhor se estivesse aqui, ao meu lado. Mas tentei me distrair, afinal, sofreria menos. Sentado num banco de praça, observei crianças. Na verdade, observei uma menina que me lembrou Beatriz. A menina balançava-se num velho balanço que sofria de ferrugem e provocava um barulho um tanto insuportável. Agüentei, porque me distraía com a menina. Alguém a chamou e ela saiu correndo, deixando o vestido arrastar no chão molhado de chuva e lama. O balanço continuou a balançar-se como se a menina estivesse ali, ainda. Meu chocolate acabou, mas mesmo a xícara vazia me fez lembrar Sônia. Lembrei da tarde em que a vi pela primeira vez, do sol que fazia e invadia seus olhos, os transformando em bolas de gude em focos de luz. Olhos que, graças a Beatriz, não entraram em extinção. Lembrei da nossa primeira noite, quando ela, emocionada, chorou de amor e dor, de realização, de emoção. E eu não sabia o que fazer até então, porque foi a partir deste ato que me apaixonei, que enxerguei aquela mulher como a única a partir dali. Quando me dei conta, meu peito estava molhado de suor e lágrima. Olhei para o relógio, mas não queria saber as horas e, muito menos, a data. Olhei por cacoete, olhei para não parecer um bobo olhando crianças e se emocionando com um balanço solitário. Durante muitos anos, senti vergonha de mim mesmo, das atitudes que não tomava, principalmente. Senti vergonha de amar tanto alguém a ponto de enlouquecer de amor. Tive medo. O cheiro de Beatriz ainda estava em minhas narinas, meus braços ainda tinham o formato de seu corpo miúdo, seus olhos, mesmo ainda pequenos, as transformavam na própria Sônia. Sônia era meu mundo, Beatriz era minha vida. Era a continuação da história que trilhei erroneamente, o produto de uma noite precedida ao amor. Um pássaro pousou em meu ombro e assustei-me. Ao vê-lo voar, arrependi-me de ter me alvoroçado, de tê-lo assustado mais do que ele a mim. Já era noite e ainda estava ali, a olhar o balanço já imóvel, as marcas dos pés da menina na lama, os grãos de chocolate em pó no fundo da minha xícara descartável. Meu relógio despertou, eu acordei assustado e fui correndo pra casa. Depois do pesadelo, não queria ficar um dia sem Sônia, não queria ficar um segundo sem minha linda Beatriz.

3 comentários:

Anônimo disse...

caraca lice! Nao apareco por aki tem tempos nao??? hehe Lembrei outro dia da prof dizendo q nem toda analice é alves! lembra dissu? senti mtas saudades dos tempos de brasas. Vi Mariana outro dia e ela disse q maria luisa se mudou para bh eu acho. seu blog como sempre cheio de coisas lindas cada vez escrevendo melhor q orgulho lice! manda um bjo p todos Saudades!!!! Sérgio

Anônimo disse...

Lice mto lindas tuas poesias gostei mto desse texto do seu trabalho.Parabens!bjuse saudades

Gabriel Riva disse...

Muito bonito o texto, e a poesia é sensacional...lice fazendo hai-kais, é isso que vejo?! Acho que é o primeio que vejo seu...
o trabalho deve ter tirado 10, porque isso pra mim é um pedaço de um romance ou crônica, e não um mero trabalho...
bjs