terça-feira, 8 de abril de 2008

Um amor mais incrível que a chuva

- Analice Alves
Por mais incrível que parecesse, a inesperada chuva inundou toda cidade. Todos permaneceram em suas casas e os carros foram estacionados em locais cobertos. Ele se desesperava. Queria amar uma mulher, sabia que ela era o melhor que ele poderia ter em vida, que sem ela ele não seria nada, mas não a amava. Queria, mas não. Dizia pra si mesmo que amor não é como sabiá, não se cria. Amor nasce quando tem de nascer, ganha asas quando cresce. Achava-se meio ridículo quando lembrava os tantos relacionamentos mal sucedidos que tivera, as tantas mulheres que deitaram em sua cama num quartinho onde ficava sua bicicleta, as tantas declarações sem fundamentos. Mais incrível ainda que a chuva, era lembrar que ele não tinha sido amado. Ouvia palavras belas, sorrisos falsamente contentes, felicidade de plástico, humanidade de merda. Aquela que estava ali, tão perto e tão longe, tão linda e tão estranha, tão perfeita e tão desfeita, era ela, era aquela. Sabia que ela o faria feliz, sabia que ela realmente o amava e que seus sorrisos seriam sinceros, seu hálito seria puro como de um recém nascido, sua existência seria uma vida de verdade, seu amor seria eterno. Fechou a janela, ajeitou o lençol na cama, pegou um guarda chuva e saiu. Foi procurá-la debaixo dos prantos.

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