sábado, 29 de dezembro de 2012
F
Se tudo parecia pura felicidade, estava enganada. O tempo passou e a felicidade foi com ele, ficou no passado, num passado recente quase presente, impregnado as coisas.
Já não sou mais dele, e ele já não me pertence. Na verdade, nunca nos pertencemos, pois o dia com 24 horas era impossível de administrar amor e obrigações. O que era amor virou pedaços de retratos, e-mails deletados, mensagens salvas num folder de um aparelho ultrapassado. Há a mágoa por ele não ter lutado por nós, há o sentimento de imbecilidade por ter feito tanto por ele, por nós. Não me arrependo. Se errei foi por amor, com boas intenções, com vontade de mudar pra melhor. Se errei foi por imaturidade, por loucuras da vida, pelos nós da garganta e pelos buracos do coração.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
O duplo
"Escrever é o duplo de viver", disse Llansol. E penso que escrever é realmente duplicar-se, tornar-se outro, tornar-se o interior do interior de si mesmo, ser o leitor da própria obra como se ela nada nos dissesse. Escrever seria abrir caminhos para a inexistência e, ao mesmo tempo, mostrar e provar ao mundo que nada é impossível, pois a Literatura existe para destruir as barreiras, para acabar com a dicotomia verdade x ficção. Tudo é verdade. Tudo é ficção. A impossibilidade não ganha vida na Literatura e o ser humano continua nessa tentativa esperançosa e que a impossibilidade também não faça parte da vida, mas faz...
sábado, 25 de agosto de 2012
Regime Aberto
Não diga "lembrei de você", pois se lembrou, é porque um dia me esqueceu. Perdeu-me em seus pensamentos, em sua mente ocupada, em seu estresse rotineiro com o trânsito, com os carros, com o sinal vermelho e demorado, com a cidade e suas luzes. Não diga "um dia nos vemos", pois "one of these days is none of these days" e, apesar da esperança do celular tocar e reconhecer seu número, não atenderei. Deixarei tocando como um alarme de relógio que desperta antes da hora de levantar. Palavras se escondem, a coragem também. Ressucitar um amor morto de morte morrida é dar razão à infelicidade. Penso assim. Não diga que o nosso amor sobrevive, pois vejo em teus olhos a mudança do tempo,
vejo em suas atitudes o reflexo de outros relacionamentos. Encontro perdido em tua fala a palavra que me falta:_____.
Analice
domingo, 20 de maio de 2012
B Train
E, ao lembrar do velho que, no metrô
Me pediu um pouco do café que eu bebia
E um pedaço do pão que acabara de comprar
Lembro com injustiça as palavras que disse
"get out!"
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Em solidão
- Analice Ról
Sinto o peso em minhas costas
Meus ombros estão dormentes
Meus passos pesados assustam
Os vizinhos de baixo
E tudo isso é a minha boca
Que deixou de falar teu nome
Que passou a te chamar de "aquele"
E agora fala nomes de outros, de tantos
Meu desassossego está no livro que li
Pra te esquecer. E hoje leio e lembro
que li para te apagar de mim.
Aqui está minha palavra em solidão
Meu dizer em silêncio
Meus ouvidos surdos a despertar de novo
Não sou mais tua, não és mais meu
Vivo como o texto que escrevi ante-ontem
E hoje permanece inacabado.
Sinto o peso em minhas costas
Meus ombros estão dormentes
Meus passos pesados assustam
Os vizinhos de baixo
E tudo isso é a minha boca
Que deixou de falar teu nome
Que passou a te chamar de "aquele"
E agora fala nomes de outros, de tantos
Meu desassossego está no livro que li
Pra te esquecer. E hoje leio e lembro
que li para te apagar de mim.
Aqui está minha palavra em solidão
Meu dizer em silêncio
Meus ouvidos surdos a despertar de novo
Não sou mais tua, não és mais meu
Vivo como o texto que escrevi ante-ontem
E hoje permanece inacabado.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Negra Alma
- Analice Ról
Você diz que estou errado
Por julgar certo tudo o que faço
E chorar meus dias, contados
Mesmo que seja por amor
Cá estou de pernas para o ar
Com a casa vazia
Com os filhos criados
Não, não quero voltar
Quero estar onde estou
E rimar, e remar, não reinar
Ah! Eu não quero, eu não quero continuar
A viver essa vida de escravo
Porque negra mesmo é a nossa alma
Você diz que estou errado
Por julgar certo tudo o que faço
E chorar meus dias, contados
Mesmo que seja por amor
Cá estou de pernas para o ar
Com a casa vazia
Com os filhos criados
Não, não quero voltar
Quero estar onde estou
E rimar, e remar, não reinar
Ah! Eu não quero, eu não quero continuar
A viver essa vida de escravo
Porque negra mesmo é a nossa alma
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