quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Corpo-sempre-corpo
- Analice Ról
Se perguntarem se o corpo
é reciclável
Direi que sim
É o corpo que sempre será corpo
Mesmo que parte o falte
Mesmo que falte a metade
Será um corpo-sempre-corpo
Que após a chuva
Retorna renovado
E após o sol
Ressurge iluminado
O corpo-sempre-corpo
Que usei ontem, uso hoje, agora, depois do agora
O corpo que engole a alma sob medida
Que é meu representante na vida
Será sempre um corpo-sempre-corpo
Atravesso a rua, pois algo me move
Sei que um dia vão me matar nesta esquina
Enquanto meu olho distraído lê "STOP"
Um carro importado passa por cima
E o corpo-sempre-corpo não morrerá
Será lenda, obra, carne
- Vivas.
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